12/06/07 - Terça-feira
Bioética, biopoder e Psicanálise

Mudanças de enfoque são necessárias. Depois de um longo período de tempo tratando de temas ligados ao relacionamento, sexualidade, e outros, trataremos de um assunto que se encontra bastante em pauta, que é a bioética e que aparece como uma espécie de panacéia para todos os males da humanidade. Tomaremos o tema a partir da articulação, em um primeiro momento, da bioética com o conceito de biopoder, de Foucault e a psicanálise para tratarmos de assuntos relacionados à vida e à morte.

Comecemos pelo conceito do primeiro termo: Bioética. A Bioética é uma ética aplicada, chamada também de “ética prática”, porque visa tratar dos conflitos e controvérsias morais implicados pelas práticas no âmbito de disciplinas como medicina, psicologia, enfermagem, biologia, etc. a partir de um conjunto de valores que costumeiramente chamados de Ética. Em síntese, a bioética está preocupa em tratar de conflitos éticos concretos. Obviamente que tais conflitos surgem da vida em conjunto que se vive na cidade, lugar por excelência da organização humana e, portanto, de conflitos.

A bioética é um saber interdisciplinar e recebe contribuições do Direito, da Psicologia, da Antropologia, da Teologia e muitas outras ciências que se ocupam do homem em suas relações.

O que pretendemos fazer é pensar a bioética como um fenômeno da contemporaneidade e um sintoma da inexistência do Outro nestes tempos que chamamos hipermodernos.

Como todos sabem, o mundo contemporâneo é muito diferente do século passado, mas, desde o século XIX já vimos “profetas” dizer que algo novo se anuncia. O filósofo F. Nietzsche proclamou a morte de Deus e trouxe um diagnóstico e um alerta. Para Nietzsche, o Verbo divino estaria em vias de cobrir-se por um manto de silêncio. Isso queria dizer que uma crescente secularização em marcha, operada por uma atividade essencialmente humana estava em curso e a ciência, costuraria todo e qualquer buraco no manto por onde algum fiapo da voz de Deus fosse escutada. Assim, o mundo e os sujeitos, possessão da ciência.


Após ele a história de fato demonstrou que a Ciência faria de tudo para silenciar a voz do Verbo divino e aquilo que vimos presente em “Frankenstein” vimos “epifanizar” na engraçadinha Dolly e em outros “clones” de animais. Além dela, as novas técnicas de inseminação artificial, que os pais podem “montar” seus filhos, como Dragqueens recém-nascidas.

O que isso tem a ver com a bioética? Que tem a ver com a psicanálise? Tudo. Com a bioética porque “mexe” diretamente com a vida, com a manipulação genética e os limites da ciência. Com a psicanálise, porque, apesar de todo o progresso das tecnologias e da ciência não se conseguiu evitar que o homem continuasse tomado pelo mal-estar que a falta essencial promove e, nem mesmo, reduzir a dimensão de uma existência sem garantias que faz parte da precariedade humana.

Bioética, biopoder e psicanálise? É o que discutiremos a seguir.

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Cássio Miranda é psicanalista, doutorando em Letras pela UFMG e escreve todas as terças. E-mail: cassioedu@oi.com.br

 
 

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