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A contribuição de Jacques Lacan Para Lacan, toda formação do sujeito desejante exige a presença do Pai como agente da castração, como aquele que o seu nome é “o vetor de uma encarnação da Lei no desejo” ((LACAN, 1998; 5-6). A encarnação da Lei no desejo nasce desse pai que constitui um orientador de um desejo situado em algum lugar. Em um dado momento da evolução edipiana, a criança é conduzida a associar a ausência da mãe com a presença do pai. O pai é então visto como um objeto fálico rival e, posteriormente, como aquele que detém o falo. Neste instante ele é convidado a intervir na relação dual da criança com sua mãe e o Nome-do-Pai passa a ser associado à Lei simbólica que ele encarna. Assim, o “Nome-do-Pai é uma designação endereçada ao reconhecimento de uma função simbólica, circunscrita no lugar de onde se exerce a lei” (DÖR, 1989; 92), sendo esta designação o produto de uma metáfora, ou seja, um novo significante o qual a criança substitui o significante do desejo da mãe. Desse modo, a metáfora paterna exerce uma função estruturante, uma vez que é fundadora do sujeito psíquico enquanto tal. “a loucura começa na família” É na trama familiar que há a irrupção da loucura. A clivagem psíquica da qual o sujeito é acometido surge em decorrência da metáfora paterna, pelo processo de forclusão do Nome-do-Pai, o que impede a possibilidade de acesso do sujeito ao simbólico. A forclusão do Nome-do-Pai “neutraliza o advento do recalque imaginário, provoca (...) o fracasso da metáfora paterna, e compromete gravemente para a criança o acesso ao simbólico, barrando-lhe mesmo esta possibilidade” (DÖR, 1989; 98). Não havendo um corte na relação dual imaginária da criança com sua mãe, não há possibilidade de circulação da Palavra do Pai e ao lugar que esta, enquanto autoridade, ocupa na promoção da Lei. Eis o louco! Aquele que não foi castrado. Aquele que negou radicalmente a castração do Outro. “Forcluiu”, por sua vez, o Nome-do-Pai não restando qualquer traço ou vestígio dessa negação. Entretanto, nesta estrutura – psicose – aquilo que foi negado no simbólico retorna do Real sob a forma de automatismo mental, tendo como expressão principal a alucinação. O Nome-do-Pai, juntamente com o Desejo da Mãe e os objetos é que constituem, para a psicanálise, a família. Esta não tem origem no casamento e não é formada pelas relações de consangüinidade, mas antes pelo romance familiar instaurado a partir da tríade edipiana. Em Freud todo ser humano deve sua origem a um pai e a uma mãe, não tendo como escapar dessa triangulação que constitui o cerne do conflito humano. Tal triangulação incide por toda a existência do sujeito,sendo uma história – de amor por excelência – que definirá a estrutura psíquica do sujeito e o seu acesso ou não ao simbólico. Esta trama edípica se finda motivada pela ameaça de castração, onde o menino renuncia os desejos genitais-incestuosos pela mãe.Ao mesmo tempo, há um abandono de sentimentos hostis contra o Pai-rival e a criança identifica-se com o mesmo e entra no período de latência. Ao ver-se sob a ameaça de perder o seu pênis o menino abre mãe da satisfação incestuosa com a finalidade de preservar o seu bem-amado órgão: Desse modo, a psicose surge da não-aceitação da castração, como já dito, da forclusion do Nome-do-Pai. Algo no drama familiar falha impedindo que a castração se instaure, havendo, dessa forma, a recusa desta castração. Todavia, essa castração do sujeito pode acontecer de forma fragilizada, promovendo a formação de um Superego enfraquecido e de uma amarração bamba em torno do Nome-do-Pai. Agora, no entanto, o que desafio que se tem é verificar como a precariedade do Pai aparece na sociedade e nos fenômenos sociais contemporâneos. (1) Laplanche define imago como “um protótipo inconsciente de personagens que orienta seletivamente a forma como o sujeito apreende o Outro;é elaborado a partir das primeiras relações intersubjetivas reais e fantasísticas com o meio familiar”. -17/04//07 27/03/07 |
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