
27/09/07
O ano que não aconteceu
A cada nova acusação
de manipulação de resultados, a cada nova
roubalheira de árbitro vinda à tona, a cada
novo caso de corrupção extra-campo, enfim,
a cada novo escândalo, mais me desinteresso pelo futebol.
O mais novo lamentável acontecimento envolve o Corinthians,
sua parceira - o grupo de investidores MSI e o Campeonato
Brasileiro de 2005, então vencido pela equipe paulista.
Pra quem não se lembra,
2005 foi o ano em que o Brasileirão teve nada menos
do que 11 jogos anulados em função da descoberta
de um esquema de compra de árbitros para a "fabricação"
de resultados, com o objetivo de favorecer apostadores de
loterias clandestinas. O pivô do esquema: o então
juiz Edílson Pereira de Carvalho.
Não bastasse o grotesco
caso da máfia dos juízes para
colocar em cheque o campeonato daquele ano, um outro lance,
menos incisivo mas igualmente digno de suspeitas, também
chamou a atenção. Na chamada final antecipada
entre os reais pretendentes ao título, Corinthians
e Internacional, há apenas dois jogos do fim do campeonato,
um pênalti claro a favor da equipe gaúcha não
foi marcado pelo árbitro Márcio Resende de
Freitas, que, além de não expulsar o goleiro
corinthiano, como prevê a regra, mostrou o vermelho
ao atleta Colorado.
Curiosamente, 2005 foi também
o ano da parceria entre o Sport Club Corinthians Paulista
e o fundo de investimentos MSI. Com dinheiro no bolso, o
clube investiu pesado em contratações, dentre
elas a do atacante argentino Carlito Tevez, e levou a taça
de campeão daquele ano.
Em 2007, a Polícia Federal
constatou o que muitos desconfiavam: a grana investida pela
MSI no Timão vinha de lavagem de dinheiro.
E em meio a inúmeras
ligações telefônicas interceptadas que
traziam à tona as fraudes do grupo, uma chamou a
atenção: entre o então presidente do
clube, Alberto Dualib, e o empresário Renato Duprat.
Nas gravações, Dualib declarou que o título
conquistado pelo Corinthians seria de fato e de direito
do Inter. Ele também declarou que o time paulista
conseguiu o título com um ponto de vantagem roubado.
Se até o presidente
do clube que ganhou o campeonato afirma que o título
foi roubado, quem sou eu para contestar? Espero, no mínimo,
uma apuração decente sobre o caso.
E exemplos de punições
rigorosas não faltam. No ano passado, exatamente
quando a Itália comemorava o título da Copa
do Mundo, a justiça do país condenou quatro
equipes em um escândalo parecido com a máfia
do apito brasileira. O poderoso Milan começou
o Calccio com menos 15 pontos. Lazio, Fiorentina e Juventus
foram rebaixados para a Série B e também perderam
pontos. E o principal: a Juve teve ainda seus dois últimos
títulos nacionais cassados.
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Luiz Guilherme Ribeiro
é jornalista, flamenguista, ateísta e mais
alguns outros "istas". Escreve aqui todas as quintas.
Fale com ele:luizguilhermemr@gmail.com
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