Para evitar que a quebra dos bancos Marka e o FonteCindam provocasse efeito dominó em outros, o BC decidiu, durante mandato de FHC, injetar R$ 1,5 bilhão nos dois. Decisão que foi bastante questionada e gerou a abertura de uma CPI.
 


22/08/07
Já que brasileiro tem memória curta...

Perdi as contas de quantas vezes disse nesta coluna que não gosto de frases feitas, de clichês, chavões e tudo mais que é utilizado para designar idéias de senso comum. Mas, às vezes, é quase inevitável recorrer a alguns desses pensamentos prontos para traduzir determinadas situações. Nesse caso, refiro-me às constantes críticas do cacique-mor tucano, FHC, o Fernando Henrique, ao governo Lula. Dá a impressão que ele ignora sua pífia administração, ou que aposta na máxima de que brasileiro tem “memória curta”.

Só pode ser isso, ou, então, ele, já articulando a volta de seu partido ao poder, lança os famosos “se colar, colou”, para a promoção do PSDB. Como brasileiro, ele tem todo o direito de criticar muita coisa que poderia ser melhor no atual governo. Como ex-presidente, a situação muda de figura, já que ele teve oportunidade de fazer mais em muitas das ações que agora rechaça. Na semana passada, criticou os seguidos recordes de lucro dos principais bancos do país, que superam, inclusive, os norte-americanos. De fato, Lula tem sido uma verdadeira mãe para os banqueiros.

O presidente até tenta se explicar, dizendo ser melhor os bancos ganharem dinheiro por vias legais do que correrem o risco de quebrarem. Situação que obriga o governo a socorrê-los com dinheiro público, como prevê o Proer, programa criado no governo FHC, com a finalidade de recuperar instituições financeiras que estejam com problemas de inslovência. Tendo a dar razão a Lula. No governo de Fernando Henrique, aconteceu um dos maiores absurdos da história do Brasil, o caso do italiano Salvatore Cacciola. Ele viu seu banco, o Marka, quebrar com a desvalorização cambial de 1999. Outra instituição financeira sua, o FonteCindam, apostou na estabilidade do real, enquanto as demais instituições se prepararam para a alta do dólar.

Para evitar que a quebra dos bancos provocasse efeito dominó em outros, o BC decidiu injetar R$ 1,5 bilhão nos dois. Decisão que foi bastante questionada e gerou a abertura de uma CPI. O que ficou foi a impressão de que Cacciola, que fugiu para a Itália, deu uma rasteira no governo brasileiro. Como Brasil e Itália não têm acordo de extradição, o banqueiro anda por Milão tranqüilamente, apesar de ter prisão decretada por aqui. Acho ruim bancos crescerem desproporcionalmente e em relação a outros segmentos. Mas creio ser melhor do que corrermos o risco de tomar rasteiras bilionárias. Aproveito para alertar FHC: tem muita gente que se lembra do que você fez em carnavais passados.

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Orozimbo Souza Júnior é jornalista, assessor de imprensa e pós-graduando em Comunicação Política. Escreve todas as quartas-feiras. E-mail: souzajunior1@yahoo.com.



   
 
 

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