Mais do que uma cena macabra, a leitura do diálogo feita pelos deputados soou como uma espécie de dança dos políticos em cima do túmulo dos mortos
 


08/08/07
Fanfarronice sem limites

Quando acho que nada mais me surpreenderá nas ações dos nossos políticos, eis que eles se superam e conseguem proezas inimagináveis. Refiro-me à divulgação, durante reunião da CPI do Apagão Aéreo, do diálogo entre piloto e co-piloto do vôo 3054 da TAM, instantes antes da tragédia que vitimou quase 200 pessoas.

Mais do que uma cena macabra, a leitura do diálogo feita pelos deputados soou como uma espécie de dança dos políticos em cima do túmulo dos mortos. Aliás, muitas das vítimas não terão sequer o direito a um túmulo, devido à impossibilidade de identificação dos cadáveres. Uma lástima. Uma total falta de cuidado com as famílias em um momento de dor profunda.

Essa atitude dos nossos políticos, que deveriam dar exemplo, vem se juntar com algumas outras de que me recordo, fazendo um breve exercício de memória. Certa vez, ao ser perguntado sobre uma declaração de seu oponente na disputa pelo governo de um dos estados mais importantes do país, um senador da república deu a seguinte resposta: “não comento o que disse esse sujeito. Ele não passa de uma bicha velha”.

Em 2005, um deputado, durante acareação na CPI do Mensalão, começou a tecer comentários sobre um dos políticos acusados de receber a mesada do governo federal, e que estava presente na sessão: “Vossa excelência é um homem que tem gostos que admiro. Vossa excelência é um sujeito boêmio, mulherengo...” Como resposta, o país ouviu em rede nacional e ao vivo: “É muito melhor ser mulherengo do que ter caso com um rapaz lá de Cabo Frio”. Numa insinuação de que o deputado tem tendências homossexuais. Sem comentários.

Isso tudo, para não falar das ladroagens, dos conchavos, das propinas. Eu acredito numa coisa: só teremos os políticos no nível que precisamos no dia em que a população tiver interesse pela política, no momento em que o povo parar de assinar procurações para que os homens públicos ditem as ações do Brasil a seu bel prazer. Com conhecimento sobre quem é quem, a população fará a seleção natural, evitando as aberrações acima descritas. Mas isso é um sonho distante.


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Orozimbo Souza Júnior é jornalista, assessor de imprensa e pós-graduando em Comunicação Política. Escreve todas as quartas-feiras. E-mail: souzajunior1@yahoo.com.



   
 
 

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