Ouço as mais diversas explicações para a aversão que têm: “político é tudo igual”, “política é jogo de interesse”, “os homens públicos só se importam com eles” etc..
 


29/08/07
A democracia é o pior sistema, com exceção de todos os outros

Volta e meia, nas famosas conversas de boteco com meus amigos, sou indagado devido ao meu gosto pela política, que é exótico, segundo eles. Ouço as mais diversas explicações para a aversão que têm: “político é tudo igual”, “política é jogo de interesse”, “os homens públicos só se importam com eles” etc..

De fato, meus argumentos em defesa do meu gosto precisam ser bem formulados, quando me “jogam na cara” os seguidos e, aparentemente, infindáveis desvios de conduta, para não dizer outra coisa, das nossas vossas excelências. Mesmo sendo minoria absoluta na mesa de “debates”, não dou o braço a torcer. Procuro sempre lembrar que vivemos no melhor sistema conhecido, que é o democrático. Apesar das distorções, das margens para desvios e outras falhas, ainda vivenciamos a melhor possibilidade, até que nos apresentem outras.

O grande problema, creio, é que a maior população não dá a menor atenção para a política. Se você perguntar para os brasileiros o nome de apenas um, dos 100 políticos envolvidos no “escândalo das sanguessugas”, certamente, 90% não saberão responder. Mas se você perguntar para as mesmas pessoas o porquê de a Seleção Brasileira ter fracassado na Copa da Alemanha 2006, 90% responderão que, no gol da França que nos eliminou, o Roberto Carlos estava ajeitado a meia, em vez de marcar o Thierry Henry.

Tudo bem que o futebol tem um apelo muito grande. Tudo bem que é muito mais cômodo dar atenção a um assunto de simples compreensão do que a algo complexo, que exija discernimento. Precisamos levar em conta também o baixo nível de escolaridade da nossa população. Colocados esses obstáculos, estamos, os comunicadores, principalmente, diante de um desafio: como encontrar maneiras de fazer com que a população se interesse pela política? Somente com isso, acredito, as aberrações da vida pública brasileira serão, se não extintas, certamente minimizadas.


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Orozimbo Souza Júnior é jornalista, assessor de imprensa e pós-graduando em Comunicação Política. Escreve todas as quartas-feiras. E-mail: souzajunior1@yahoo.com.



   
 
 

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