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Esse termo sempre me soou muito mal. Como dizer da arte e da cultura uma propriedade, um bem voltado explicitamente para fornecer lucro às grandes corporações que mediam o comércio da criação? Como mensurar de forma tão matemática objetos passíveis de valores tão subjetivos e imensuráveis? Como cobrar caro pela experiência artística? Agora que uma parte considerável da população tem acesso, cada vez maior, a tecnologias que provocam a descentralização da exploração das grandes gravadoras, editoras e galerias, agora que artistas do mundo inteiro possuem ao seu alcance diferentes meios de produção e divulgação de suas obras, agora que possuímos poderosas armas de boicote às relações econômicas predatórias e inescrupulosas que fomentam a desigualdade do acesso à arte, ainda tem gente que defende os absurdos da Copyright. Mas o capitalismo dá um jeitinho em tudo, não é verdade? Ele até andou divulgando por aí que o cheiro do livro e do encarte do CD valem seus módicos 40 reais. É claro que eu também me deixo seduzir por estes artifícios criados pelo mercado e empurrados goela abaixo como necessidade. Mas ainda me interesso mais pelo conteúdo da obra do que pela possibilidade de estocar status belamente encadernados ou prensados na prateleira da sala de estar. Prefiro nem entrar na discussão dos camelôs que reproduzem obras para fins comerciais porque é uma polêmica que não mais justificará a pendenga da pirataria uma vez que a internet e as tecnologias de comunicação poderão tomar até mesmo o ganha pão dessa classe. Mentalidade arcaica e irritante essa de que a cultura deve ser vendida para que os autores possam sobreviver. Imagina se o artista de rua, como o grafiteiro, optasse sempre por muros e paredes privadas e cobrasse entrada aos apreciadores de tal arte? E para os desavisados que acham que a pirataria anda tirando o sustento de artistas, basta lembrar que muitos dos que são generosos com sua criação têm conseguido lugar de destaque no cenário independente e seu trabalho reconhecido mundialmente graças à sua autonomia de produção e difusão da obra. BNegão, por exemplo, não teria feito turnê pela Europa com casas sempre lotadas se não tivesse disponibilizado seu CD completo na internet para download livre e gratuito. Isso sem contar com a fantástica conseqüência da apropriação das tecnologias por parte das periferias que agora produzem sua própria cultura e suas redes econômicas de distribuição destas. É a autonomia artística finalmente caminhando para a superação desse sistema podre que age em benefício de grupos privados e em detrimento da fruição livre e descentralizada da arte. Leia também 18/06/07 11/06/07 28/05/07 07/05/07 23/04/07 16/04/07 09/04/07 26/03/07
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