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Fabiano tinha 7 anos Nos dois últimos foi o paciente mais querido do Hospital do Câncer. Quando ainda tinha 5 anos, foi detectado um tumor maligno em seu cérebro. Por ser tratar de um caso raro, a medicina não sabia muito o que fazer; as experiências eram contínuas. Carlos e Letícia, pais de Fabiano, possuíam serenidade incomum. Apesar de toda a dificuldade financeira, do sofrimento de Fabiano e de todas as renúncias que eram obrigados a fazer, conseguiam viver com uma dose de felicidade razoável. Fabiano conquistou a simpatia de todos no hospital. Não era compaixão, mas sim amizade, envolvimento. Ele possuía carisma. Em seu quarto, sempre se via pessoas. Muitos iam até ele para encontrar um pouco de paz, assim diziam. Aquela doença não diminuía seu brilho, seu sorriso de quem poderia viver por muito tempo. Quando anoitecia, Fabiano ficava mais triste. Seus pais percebiam. Carlos sempre saia do hospital com as esperanças renovadas de que seu filho melhoraria, apesar de todos os diagnósticos médicos constatarem o contrário. Seu otimismo vencia a razão médica. Em uma noite fria, Carlos percebeu que Fabiano estava muito triste. Então, perguntou ao filho o por que daquela tristeza. Fabiano respondeu: Pai, como dou trabalho para o senhor e a mamãe! Carlos enxugou a fina lágrima que escorria em seu rosto e disse: Filho, estar com você me fortalece. Mas papai, como posso fortalecê-lo estando tão fraco? Com sua alegria, sua vontade de viver! Papai, ontem conversei com o Daniel! É um novo médico? Não papai, é meu anjo da guarda. Durante alguns segundos Carlos não encontrou respostas. Não sabia o que dizer. E o que o Daniel disse meu filho? Que veio me levar para um lugar melhor! Carlos não conseguia conter as lágrimas. Nunca foi um homem religioso, mas não duvidava da fé. Quando Fabiano fez essa revelação, Carlos sentiu um leve frio na barriga. Não conseguia se concentrar na resposta. As lágrimas insistiam em rolar. E o que você disse a ele filho? Falei que queria, primeiro, dar um último passeio com o senhor e a mamãe. Ele concordou. Pela regra do hospital, e aceita pelos pais, Fabiano não poderia sair de lá até que se constatasse qual era a sua doença. Como a internação de Fabiano era parcialmente custeada pelo hospital, os pais resolveram aceitar. Mas agora era outra história. Como Carlos explicaria que precisava passear com seu filho porque um anjo da guarda viria buscá-lo? Não sabia como argumentar sobre algo que nem mesmo ele acreditava direito. Mas não duvidou do filho. Foi pra casa, conversou com Letícia e decidiram que fariam um passeio com Fabiano, mesmo que isso acarretasse em o hospital não querer mais arcar com metade das despesas da internação. Carlos e Letícia resolveram conversar diretamente com o Dr. Érico, presidente da instituição. A conversa durou mais de uma hora. O médico não conseguia acreditar nos argumentos dos pais. Pensava como pessoas sensatas e estudadas podiam acreditar nessas coisas. Ressaltou que poderiam até levá-lo, mas que o hospital não arcaria mais com as despesas, o que tornaria a internação de Fabiano impossível para a família. Letícia não acreditava em Deus, mas, também como Carlos, não duvidava da fé. Por mais louca que parecia a história do filho, no ponto de vista deles, resolveram atendê-lo. A despedida do hospital foi recheada de lágrimas e sorrisos. Eles sabiam que não poderiam mais voltar com o filho. Receberam muitos brinquedos e homenagens. Era a primeira vez que Fabiano saia daquele ambiente desde a internação. Quando sentiu o ar diferente da rua e o balançar das árvores, suspirou profundamente. Foram ao parque. Brincaram. Sorriram. Foram felizes! Quando voltavam para casa, Fabiano disse aos seus pais: Vocês me deram a melhor vida do mundo! Carlos e Letícia sorriram. Fabiano fechou os olhos; não mais abriria. Carlos disse à Letícia: Ele estará entre anjos. Ambos choraram, mas sentiam que o filho estaria em bom lugar. Leia também 03/05/07 19/04/07 12/04/07
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