31/05/07 - Quinta-feira

Um copo de fé

As lágrimas rolariam.

Elas sabiam, mas foram com cabeça erguida. Bonitas, elegantes. Tinham nos olhos lembranças semelhantes às dos formandos. Durante aquele semestre tentaram todos os recursos disponíveis. A faculdade foi inflexível; elas não se formariam com a turma de origem. Onde já se viu não fazer a matrícula na data certa?

Advogados pra cá, audiências pra lá. Tudo em vão! No final, seria um misto de decepção e alegria. Talvez sentissem um descontentamento seco na alma. Felicidade quebrada pela força gananciosa do dinheiro; pelo descomprometimento daqueles que precisavam ser parceiros. Alegria pelos colegas que se formavam.

Faltava tão pouco! Era a reta final de 3 anos e meio de uma longa caminhada. Quantas noites mal dormidas; e os trabalhos; as dores de cabeça. Tudo ficaria para trás, como uma lembrança doce de um tempo passado. Para elas, demoraria mais um pouco. Talvez apenas mais 6 meses. Talvez...

Mas elas demonstrariam a mais nobre garra feminina. A força que busca sentido. E, assim, resolveram continuar. O cenário seria outro: novos rostos, novas idéias. Teriam o mesmo sabor os trabalhos em grupo? Talvez sim. Talvez fossem melhores. Elas teriam que descobrir.

Os sonhos continuam. As lutas também. Elas entenderam bem isso e perseveraram. Era preciso. Em seus rostos, pode-se imaginar milhares de estudantes que têm seus sonhos interrompidos. Que não conseguem grana necessária para continuar seus estudos. O tempo passa! O sonho fica!

Em suas lágrimas, pode-se entender melhor o sacrifício da grande massa brasileira. A dificuldade que bate à porta no vencimento de cada mensalidade de um curso de graduação. Quantos livros não podem ser comprados; quantas renúncias precisam ser feitas. Tudo por uma nobre causa. Qual? Bom, cada um precisa descobrir. Sentir a importância da sua profissão.

Quanto a elas, hoje parece que o tempo passado se apresenta ao presente. Falta pouco para novas emoções aflorarem. Em minhas mãos, a monografia pronta de uma delas. Sinto uma vontade imensa de sorrir. Um sorriso que diga: não podem barrar a fé; o comprometimento.

Sinto-me feliz por vocês. Uma felicidade sincera, companheira! Peço que ofereçam um pouco de fé há tantos que necessitam e que sejam próximos. Não precisa ser muito, mas o necessário. Não precisa ser em jarra, pode ser em copo. Ofereçam àqueles que se sentem desamparados, assim como vocês sentiram. Relatem que persistiram quando tudo conspirava contra.

Ofereça-os um copo de fé!

Assim como vocês, espero que saibam lutar. E vençam!

À Sheila e Samantha

 

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A Ti ...


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Gledson José Machado é jornalista, amante da literatura, da poesia e das escritas. É assessor de comunicação da Açoforja. Escreve todas as quintas-feiras.
E-mail: gledsoncd@gmail.com

 
 

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