Quanto mais a comunidade se mostrar omissa e medrosa em denunciar, mais a bandidagem vai tomar conta. Belo Horizonte já está no terceiro lugar do ranking da criminalidade no Brasil.
 

18/09/07
Onde vai parar essa guerra?

A palavra mais dita por quem trabalha com Segurança Pública, nos últimos dias, é CHACINA. Neste fim de semana, seis pessoas morreram em Betim. Duas, vítimas filhas de um cabo do 33º batalhão da Polícia Militar. Há rumores que a família do policial estaria ameaçada de morte. Ano passado, um irmão dele foi executado no bar em que aconteceu a chacina deste fim de semana. Os irmãos Harrison Tolentino dos Santos, de 22 anos, e T.T.S., de 17 anos foram enterrados na manhã deste domingo e não tinham passagens pela polícia. Está certo que esta informação (não ter passagens pela polícia) não quer dizer muita coisa nos tempos de hoje. Tendo em vista que, quando uma pessoa completa a maior idade tem o seu prontuário todo “renovado” e as passagens de quando adolescentes, são inacessíveis.

O intrigante é que, minutos antes dos tiros, duas viaturas da Cia Tático Móvel da PM passaram na porta do bar. Dois carros pretos estavam indo atrás. Ao perceberem que a polícia virou a esquina para o lado esquerdo, os motoristas dos automóveis foram para o direito, voltaram e executaram as seis pessoas. Paira a dúvida: a polícia teria sido conivente? A sala de operações do batalhão teria recebido um trote? Os bandidos teriam ligado para o 190 antes do crime, informando sobre outro caso para desviar a atenção dos policiais? Desse modo, eles teriam certeza que as viaturas não chegariam. Só a Polícia Civil vai resolver o caso.

Seis pessoas no sábado, dia 15; seis pessoas no domingo dia 09; em Ribeirão das Neves e quatro pessoas, na semana anterior; na favela da Pedreira Prado Lopes. Uma adolescente de 13 anos de idade, que não tinha nada a ver com o tráfico morreu na última quarta feira, após ter ficado internada em estado grave no Hospital Odilon Behrens. Ela foi baleada na cabeça quando estava no sítio em Neves. Morreu de graça.

No domingo (16/09), houve um tiroteio dentro do ônibus da linha 9402, no bairro Santo André, ao lado da Pedreira Prado Lopes. Duas pessoas morreram e outras duas ficaram feridas. Alguns meios de comunicação divulgaram o fato como sendo troca de tiros entre torcedores do Cruzeiro e do Atlético Mineiro. Isso porque no último domingo, os dois times fizeram o maior clássico do campeonato brasileiro. E, diga se de passagem, que vitória ein? Segundo algumas fontes oficiosas, o tiroteio está longe de ter sido entre torcedores. Uma das vítimas fatais, Hebert da Silva Batista, 24 anos, teria participado da chacina de Ribeirão das Neves, na qual morreram cinco pessoas na hora. Agora, o velhinho de 90 anos, que estava sentado ao lado de Herbert Batista, morreu de graça. Assim como a menininha de 13.

Quanto mais a comunidade se mostrar omissa e medrosa em denunciar, mais a bandidagem vai tomar conta. Belo Horizonte já está no terceiro lugar do ranking da criminalidade no Brasil. A polícia não trabalha sozinha e, conseqüentemente, não pode estar em todos os lugares. Nós temos que ser os policiais de nós mesmos, da nossa família, da nossa comunidade. Engana-se quem pensa que segurança pública é dever do Estado. A Segurança Pública só é dever do Estado em épocas de campanhas eleitorais. Quem nunca ouviu: “Minas avança no combate a criminalidade”. Cuidado, estatísticas são facilmente manipuladas. Engana-se quem acredita que a polícia evita homicídios, tráfico, assalto, etc. A polícia só reduz a oportunidade, mas não impede os acontecimentos. Pelo contrário, há alguns policiais, que até contribuem, não é mesmo? A corrupção, o clientelismo, a omissão...
E aí, quem tem alguma pista das chacinas ou do tiroteio no ônibus 9402? Deixe de ser um Zé Ninguém e ligue 0800 300 197. Denuncie outros crimes também!

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Camila Dias é jornalista poilicial, pós-graduanda em Criminologia pela UFMG. Escreve aqui toda terça-feira. Fale com ela: camilajrn@yahoo.com.br


   
 
 

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