Sexta-feira - 06/04/07
Melhor de seis

Passei horas do meu dia em companhia agradabilíssima. Cercada de grandes amigos e seus respectivos pares. Nossa amizade é coisa antiga, dos tempos de colégio. Tempos em que eu era uma menina que não ria por vergonha do aparelho ortodôntico, mas eram tempos de risos fáceis... Somos seis amigos. Sorte a minha que tenho o melhor de três em dobro!

A vida fez de cada um de nós o que bem quis e cada um de nós não pode fazer da vida o que bem quis, mas continua tentando, dando murro em ponta de faca. Tem a advogada, a publicitária, a relações públicas, a bióloga, a dentista, o dentista e a jornalista. Essa última sou eu que, meio que sem querer, viu uma crônica nascer no encontro dessas seis pessoas.

Uma crônica que se desenhou avessa aos desmandos do mundo e nos permitiu uma tarde sem maiores pretensões. Ali não éramos profissionais, estudantes, estagiários ou sei lá o que. Apenas nós por nós mesmos. Lembrando sonhos e uns de nós que se perderam nas desilusões de dias sem muito sol. Voltei pra casa feliz. Um pouco mais leve. Mais sóbria de mim e do que ainda posso ser.

Comecei a ver o jornal e o destaque foi a cerimônia de lava-pés. O Papa Bento XVI, lá em Roma, repete o ato do meu Irmão, (porque embora não pareça também sou filha de Deus) numa prova de humildade. Bento XVI lavou pés sem saber de mim, da minha vida, dos meus problemas, da minha tarde, dos sonhos e eticetera e tal. E eu daqui, numa semana santa, lavei a minha alma. Ou melhor, tive a minha alma lavada por esses cinco amigos.

Somos nós tão diferentes, tão distintos e há tanto tempo somos tão amigos. Penso que só há uma razão pra isso: somos, antes de qualquer coisa, sonhos, desejos, projetos. E, numa cerimônia que passou muito longe do Vaticano, lavamos a alma e resgatamos um tico da inocência que o mundo nos levou...

E isso não é notícia, não é manchete de jornal. Como jornalista deveria saber que minha vida não interessa a um número muito grande de pessoas. Mas é que antes de ser jornalista, sou gente. De erros e acertos. De paradoxos. Pés e asas. E é como gente que eu proponho, nessa semana santa, que lavemos a nossa alma para que, mais a frente, tenhamos a humildade de lavar os pés daqueles que estão cansados da caminhada.

Peço perdão se fui um tanto piegas hoje, se fugi a pauta. Porque hoje, só por hoje, fui de encontro aos sonhos. E, como diria outro grande amigo meu: “só o amor pode suavizar o caos do mundo”.

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Thaís Palhares é belorizontina de nascença. Palhares de pai. Fernandes de mãe. Thaís de comum acordo. Jornalista por opção e por convicção. Escritora por paixão. Viva, por isso, incansável. Escreve aqui todas as sextas-feiras. Fale com ela: thaisgalak@gmail.com

 
 

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