13/04/07
Dizem que

Dizem que no Brasil não há guerra. Ah, tá. Pode até ser que no Paraíso Tropical de Silvio de Abreu a coisa seja mesmo por aí. Mas por aqui, por aqui o buraco é mais embaixo, mós fios. Buraco de bala perdida, diga-se de passagem. Porque o Rio de Janeiro do Silvio não tem fevereiro, março, abril, maio ou junho. Porque por lá tem último capítulo, mas é por aqui que a vida segue...

Não, é claro que não é só ao Rio que me refiro. E nem dá pra falar de um Belo Horizonte. A Brasília ta na oficina, quase deu perda total. Estou pegando a parte pelo todo. Como aquela figura de linguagem... Como é mesmo o nome? Metonímia! Isso mesmo! To falando é do Brasil todo... Do Brasil daquela outra figura de linguagem, o eufemismo, de suavizar a situação. Do jeitinho brasileiro de colocar panos quentes... Mas o troço ta fervendo e eu não to falando que aquecimento global!

É um paradoxo, mas é fato que nessa coluna falta Perspectiva. Saída? Nem de emergência! Cansa esse faz de conta sem final feliz. O barco ta afundando e o mar é de lama. Aliás, de óleo. Vazou de novo!...

Dizem que no país não tem guerra... Então como é que chama isso? Num sei quantos policiais mortos de um lado, não sei quantos bandidos de outro, mulheres e crianças também entraram nessa ciranda. Todo mundo, no final, de um lado só. No meio do caminho, perdidos, sem saber pra onde ir. É um beco sem saída. Uma bola de neve que nem com 40 graus derrete. Aliás, num calorão desse não encontro uma sombra de árvore. Ta tudo virando Savana! A África agora é na Amazônia!

Uma guerra que não se assume e mata mais que atropelamento. A guerra é o filho bastardo, feio e pobre de uma sociedade que não faz jus a ordem e ao progresso. Nossa bandeira não vale nada! E ninguém ta nem aí... Nos jornais escorre sangue, nos olhos as lágrimas já se secaram. Mas aqui o povo é de paz... Não há guerra, não há o que combater...

Dizem que não é culpa nossa, que a situação antecede a gente. E pelo jeito vai suceder. Me falaram que eu era o futuro do país, que eu poderia mudar alguma coisa. Mas esse Brasil que me deixaram de herança não tem muito a minha cara. É um maior abandonado... Maior? Que pena! Se fosse menor a gente mandava pra Febem... Piadinha sem graça e infame. Politicamente incorreta. Ué, mas existe política correta?

Ando, ando, ando e não saio do lugar. Esse texto também não. A situação é mais crítica do que eu. Pra lá ou pra cá... E eu lá sei onde quero chegar? Só queria sair desse lugar nenhum. A inércia cansa. Às vezes da preguiça de viver. Falta mesmo perspectiva. Mas aí eu resolvo me dar mais uma chance... Só que falta luz na minha lanterna eu não consigo enxergar o final desse túnel.

Alguém tem alguma solução?


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Thaís Palhares é belorizontina de nascença. Palhares de pai. Fernandes de mãe. Thaís de comum acordo. Jornalista por opção e por convicção. Escritora por paixão. Viva, por isso, incansável. Escreve aqui todas as sextas-feiras. Fale com ela: thaisgalak@gmail.com

 
 

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