Quarta-feira - 23/05/07

Por debaixo dos PANos *

(Gramado do Estádio João Havelange - 300 milhões gastos até agora)

Quando vai se aproximando o dia de escrever é sempre a mesma coisa, porque afinal quero dizer-lhes algo que preste, que vale a pena ser lido, que os faça refletir, mas nem sempre a inspiração chega de primeira. E eu olho para os jornais e tento tirar dali alguma coisa boa, que tenha menos sangue, mas tá brabo! E ligo então a TV na esperança de ali encontrar o gancho que preciso e vejo que continua difícil!

Resta-me somente pensar com meus botões sobre a realidade, sobre o mundo em que vivemos. E vejo até coisas legais. Seremos sede do PAN e com isso, traremos a atenção do mundo para nós. Olha que maravilha! Pelo menos essa é uma boa notícia. Será um bom momento para o turismo, para o comércio e para quem quer que com isso lucre alguma coisa, principalmente os cambistas.

Falta pouco para a festa ter início, mas já começamos a atrair a atençãoda população. Para o PAN acontecer, muito dinheiro está sendo investido. Na construção do Estádio João Havelange, o Engenhão, por exemplo, foram gastos mais de R$ 300 milhões. Sem contar as inúmeras obras no Maracanã. Bem, é triste se compararmos com os cento e pouco milhões que são repassados para a educação. Só daí já dá pra perceber o quanto isso pouco importa para os poderosos. Veja, o que é melhor: investir na base de conhecimentos, proporcionando intelectualidade, uma herança que ladrão nenhum pode roubar ou preparar uma cidade falida, dominada por bandidos para “inglês ver”? Claro que é fazer estádios e embelezar bastante o Rio, afinal tem dinheiro envolvido.

Já os investimentos em segurança somam R$ 411 milhões. Bem, se pelo menos parte desta“bufunfa” der para comprar uns coletes a prova de bala, já estamos no lucro, porque o dos PMs daqui do Rio, e cito como exemplo os que sobem e descem o Complexo do Alemão, só seguram as de calibre 38. Se for fuzil, já era. Tanto é que muitos já se foram para o além, com seus coletes rasgados, perfurados pela guerra que vem amedrontando os cariocas. Aqui o mar não está pra peixe e aos poucos estamos deixando ser a maravilha do mundo. O governador já declarou: estamos em guerra. Só esqueceu de dizer quem está do lado de quem e se já temos um placar. Mas vamos esperar pelo PAN, pelas medalhas e torcer para que a Força Nacional permaneça mais um tempo. Pelo menos enquanto os atletas e comitivas estiverem por aqui traremos o brilho e as luzes dos holofotes para ofuscarem a podridão brasileira.

* Patrícia Caldas está na cidade do PAN 2007

 

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Patrícia Caldas é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa. Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com

 
 

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