Quarta-feira - 07/03/07

Um país sem maravilhas

Segundo o "Relatório Sobre a Situação Social do Mundo em 2005", elaborado pelas Nações Unidas, nos últimos dez anos a desigualdade progrediu no mundo. Esta realidade não é nova, nem assustadora para os que convivem em meio a tiroteios, manchetes de mortes e desemprego. O brasileiro, com todo seu futebol e samba no pé, já aprendeu a viver aos barrancos; literalmente, a trabalhar em troca de um salário que muitas vezes não condiz com sua qualificação; isso quando tem e a ver a desigualdade tão de perto que esta já até passa meio despercebida.

Mas esse é o capitalismo a que estamos sujeitos. Ao neoliberalismo que foi e continua sendo implantado, que para sobreviver precisa excluir uns. Em outras palavras, para que uns tenham bastante outros precisam não ter, quase absolutamente, nada. A comparação é meio boba, mas é como fazer notícias, ou seja, cortar palavras. Cortar pessoas...Enfim, tudo é válido para que a ideologia do progresso permaneça.

Os resultados não são poucos. A desigualdade gera revolta, que acaba, muitas vezes, em violência. É triste, mas é comum olhar nos jornais jovens que mataram ou roubaram, porque não têm emprego, porque não têm casa para morar, porque não tiveram família. Não. Isso não é desculpa “pra boi dormir”, é que quem nasce em berço esplendido não sabe o que é não ter comida na panela. Não sabe o que é não ter um lar, pais para te orientarem a seguir um caminho bom. Muitos não sabem nem sequer quem são seus pais. São frutos da falta de televisão. Não têm perspectiva. É triste, mas esta é a realidade de muitos. A realidade nua e crua, desavergonhada, que parece não encontrar um jeito de fazer com que os finais sejam felizes.

A falta de esperança faz muita coisa acontecer. Faz as drogas e as coisas ilícitas parecerem à solução, faz o mundo do crime parecer justo. As promessas de que isso e aquilo vão melhorar nunca cessam, principalmente em ano eleitoral. Mas educação, oportunidades, diria até socialização, onde estão? Em meio a mensalões e CPI’S o dinheiro não consegue percorrer o caminho para o qual é destinado. O que resta é a insegurança, para todos, desde os ricos aos favelados.

Seqüestros, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, de órgãos, criança cheirando cola, prostituição e crime. Nesse cenário desigual a vida acontece e muitas vezes é mais fácil não olhar para o lado. Pra quê? Deixa estar. Deixa eu voltar pra casa, porque afinal, depois de um dia de trabalho o que eu preciso é de um bom banho de espuma e de um caviar regado a champagne para saciar a minha indignação.


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Patrícia Caldas é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa. Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com

 
 

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