19/09/07
Inutilidades de quem pensa
Do
Rio de Janeiro - Capital
Hoje quase fui vencida por
uma página em branco. Cansaço, gripe e para
piorar meu olho ficou tremendo o dia todo. Sabe aquelas
tremidinhas estranhas que ocorrem nas pálpebras?
Pois então. Hoje meu olho ficou assim. E olhava para
a tela em branco, tentava colocar ali algo que prestasse,
mas só me vinha na cabeça aqueles temas recorrentes.
Pensei em Renan, mas desisti. Fiquei chocada ao ver na TV
por esses dias fogos de artifício e pessoas felizes
com a absolvição do presidente do Senado.
Não sei porquê, mas ainda me chocam cenas como
essa. Mas, num Brasil em que Collor ainda é reeleito
e amado, tudo se pode esperar. Na política meu caro,
é sempre ou, quase sempre, igual: o importante é
a pizza. Todos querem desfrutar das tetas do poder e tem
para todos os gostos. A dieta impediu-me de continuar falando
da pizza...
E meu olho continuou tremendo.
Minha visão turva só conseguia pensar na podridão
a que estamos imersos. Durante o PAN a segurança
deu um show no Rio. Pudemos sentir o que há muito
faltava: paz. Uma sensação de tranqüilidade
de dar inveja em países de primeiro mundo. Mas era
tudo “coisa pra inglês ver”. Eu já
tinha dito isso aqui. O espetáculo acabou e agora
estamos de volta à rotina do medo e insegurança.
Temos uma polícia corrupta e nojenta. Esses dias
mais de 50 policiais de um mesmo batalhão foram presos
por envolvimento com o tráfico de drogas. É,
agora temos que chamar a polícia para prender a própria
polícia. Em quem iremos confiar? Estamos sem opção!
Quando a cabeça já
estava quase explodindo, pensei se era uma boa idéia
tomar então algum remédio. Mas, e se fosse
dengue? Com a quantidade de mosquitos que tem no Rio daqui
um pouco poderemos voar carregados por centenas de milhares
de aedes aegypti. É, esse mosquitinho, cujo nome
até decoramos, tem feito festa na capital. O número
da doença está cada vez maior e só
nos restou os “baygons” da vida para nos proteger.
Então eu percebi que
a página estava preenchida e a alma um pouco lavada,
porém meu olho, bem, ele havia parado de tremer.
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Patrícia Caldas
é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não
abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa.
Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro
cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças
de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é
jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz
Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com
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