No dia do acidente com o airbus da TAM fiquei vendo pela TV aquelas famílias desesperadas, gente chorando, perdendo as forças por terem perdido pessoas queridas. Não foram só corpos.
 
 

08/08/07
Armageddon

Quando digo que estamos a pé poucos acreditam, mas é que, sinceramente, não vejo outra expressão que se enquadre tão bem em nossa condição. Veja. Temos um presidente que só agora percebeu que existe um caos aéreo. E nem sei como ele percebeu, porque “não saber” é com ele mesmo. Na época do mensalão, (tadinho!!!), ele também não sabia, também foi enganado. Quando vejo coisas desse tipo sinto uma vergonha enorme, por ele e pela minha classe, porque se ele não sabe de nada que se passa no país que ele comanda algo está errado e a assessoria de comunicação dele se demonstra muita falha em não deixá-lo por dentro dos acontecimentos.

Acho que na verdade ele é muito cara de pau. Já está na hora do nosso excelentíssimo presidente se posicionar. Que sempre houve sempre e haverá roubalheira nos governos e em quaisquer órgãos públicos todos sabem, mas é muita falta de vergonha na cara um presidente ficar dizendo que nunca sabe de nada. Só demonstra cada vez mais sua incapacidade e falta de interesse em ter ao menos noção do que se passa diante do seu próprio umbigo.

Será que quantas mil pessoas ainda deverão morrer em acidentes aéreos para que alguém tome alguma solução? No dia do acidente com o airbus da TAM fiquei vendo pela TV aquelas famílias desesperadas, gente chorando, perdendo as forças por terem perdido pessoas queridas. Não foram só corpos. Dentro daquele avião havia sonhos, planos, projetos, famílias inteiras... Tudo se carbonizou naquele momento. Até hoje ainda não identificaram algumas pessoas e a dor dos que ficam indenização nenhuma é capaz de amenizar. O Ministério Público já constatou que o sistema de controle do tráfego aéreo está sucateado por falta de investimento em longo prazo. Constatado o problema, o que faremos agora? Quem fará alguma coisa que preste? Alguém se habilita?

Estamos a pé desde o topo. O Pan acabou e voltamos a ficar expostos a todo tipo de medo na ex-cidade maravilhosa. Não há câmeras, nem computadores em carros novos de polícia, nem Forças Armadas que dêem jeito no Rio. Este fim de semana passado uma senhora, abordada por bandidos, foi obrigada a sair do veículo que dirigia. Uma cena “normal” para o Rio. Mas no banco de traz havia ficado o neto da vítima. Foram quase 50 metros correndo desesperada atrás do veículo. Os bandidos acabaram deixando a criança numa rua mais adiante. Por pouco não vimos se repetir o que ocorreu com o menino João Hélio.

Até quando sentiremos medo? Até quando famílias serão destroçadas porque faltam investimentos em educação, moradia, transporte. Porque falta decência. Porque faltam condições dignas de viver. Seja no ar, no mar, em terra firme. Ta difícil. Não há segurança em lugar nenhum e nem atitudes enérgicas que transformem o caos do mundo. Vivemos o fim dos tempos, o verdadeiro “Armageddon”.

Salve-se quem puder.

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Patrícia Caldas é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa. Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com


   
 
 

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