
22/08/07 -Quarta-feira
O Cinema Novo
Depois do declínio da industria e da falência
das companhias cinematográficas em meados da década
de 50, toda uma geração de cineastas frustrados
pelo ocorrido se unem para criar um cinema mais próximo
ao real, com um custo reduzido e com muito conteúdo,
denominado Cinema Novo. O Cinema Novo, que foi criado na
década de 60, abordava uma temática diferente
da proposta mostrada nas décadas passadas, e tinha
a intenção de recriar o cinema nacional, mostrando
a realidade do Brasil e o seu próprio povo.
" Uma câmera na mão e uma idéia
na cabeça" esse era o lema de diversos cineastas,
a maioria jovens, que inconformados com a alienação
das chanchadas e o industrialismo do cinema, saíram
à procura de fazer cinema com preocupações
sociais, e enraizados na cultura brasileira, na década
de 60. Surgia o Cinema Novo, um divisor de águas
na própria cultura..." (01)
O Cinema Novo pode ser dividido
em 3 fases. A primeira fase vai de 60 a 64, e abordava o
cotidiano e à mitologia do nordeste brasileiro. O
núcleo de cineasrtas mais reconhecidos na época
era Nelson Pereira do s Santos, Joaquim Pedro de Andrade,
Carlos Diegues, Paulo César Saraceni, Leon Hirsman,
David Neves, Ruy Guerra, Luiz Carlos Barreto e Glauber Rocha
que foi o mais relembrado dos cineastas do Cinema Novo.
A frase " Uma câmera na mão e uma idéia
na cabeça " de Glauber Rocha virou um lema entre
os cineastas da época que faziam parte do Cinema
Novo.
Glauber Rocha, um dos ícones do cinema novo, tinha
como objetivo mostrar a realidade do Brasil, o sertão,
a fome ou seja denunciar as injustiças sociais. Como
descreve Ivana Bentes.
"Glauber parte de um discurso de politização
da natureza e naturalização da cultura na
contramão dos discursos de oposição
dos 2 pólos. Dessa forma vemos a utilização
dos elementos e cenário naturais de forma dinâmica
e atuante e uma dramatização dos cenários.
Os seus personagens pertencem à terra e se confundem
com a paisagem. A cultura é mostrada não como
algo que opõe a natureza mas como a natureza é
continuada por outros meios."(02)
A estética mostrada
e abordada por Glauber Rocha pode ser notada no filme Deus
e o Diabo na Terra do Sol de 1963, um dos filmes marcantes
do Cinema Novo. Confirmado por Ivana Bentes.
"O filme denuncia as injustiças sociais no Brasil
da época em que foi feito, e representa de forma
muito eficaz o espírito de contestação
tão fortemente ativo na cultura brasileira na década
de 60(...) O filme é marcado pelos contrastes: imagens
hediondas como a carcaça apodrecida de um animal
– que evocam a idéia da miséria e da
fome se contrapões a outras – como a visão
do mar na última cena – que simbolizam a fé
e a esperança. O título indica a constante
luta entre o bem e o mal, a salvação e a danação,
a justiça e a injustiça, o povo e as elites"
(03)
A segunda fase do Cinema
Novo vai de 64 a 68 e abordava os equívocos da ditadura
militar e da política. Filmes como O Desafio (1968)
de Gustavo Dahl e Terra em Transe ( 1967 ) de Glauber Rocha,
foram os mais marcantes desta fase.
A terceira fase do Cinema Novo vai de 1968 a 1972 e tem
como maior influência o tropicalismo, com as características
do exotismo brasileiro, mostrando plantas, animais e índios
como no filme Macunaíma (1969) " O brasileiro
preguiçoso e fanfarrão sensual e depravado,
que luta para ganhar dinheiro sem trabalhar " (Carlos
Roberto de Souza – A fascinante aventura do cinema
Brasileiro). Mas essa terceira fase foi interrompida pela
repressão politica, fazendo com que alguns dos cineastas
se exilassem, extinguindo assim o Cinema Novo.
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(01) Diário do Senado Federal, 25
de agosto de 2004. P. 27561
(02) Ivana Bentes – Professora do Programa de pós
Graduação em Comunicação e Cultura
da Escola de Comunicação da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php?html2=bentes-ivana-glauber-rocha.html
(03) Ivana Bentes, http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php?html2=bentes-ivana-glauber-rocha.html
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Rocha: Crítico, espírito revolucionário
e uma cabeça marginal
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Bruno Grossi é mineiro nascido em
1979. Poeta, videomaker e artista. Teve poemas publicados
no Brasil e do Exterior. Recebeu prêmio e participou
de festivais com seus trabalhos de vídeo-arte. Lançou
em 2007 seu primeiro livro de poemas "O Grão
Imastigável". Está preparando sua primeira
exposição com a série "FRAGMENTOS".
Fale com ele:brunogrossi.arte@gmail.com
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