
07/09/07
Teatro Mágico é o escambal
Queria elucidar que aquilo
não é teatro, muito menos mágico. A
idéia é interessante, o trabalho visual do
grupo é melhor ainda, mas, na prática (como
diriam os atores) a coisa não funciona. As letras
são extremamente fracas, assim como a música
– um pop rock no melhor estilo Jota Quest, mas travestido
de plumas, maquiagens, malabares, portages e uma “coisa”
que é uma tentativa de ser jogo cênico. Como
explicar então o sucesso do grupo? Não existem
atributos? Sim, mas é mais uma propagação
de um conceito estético do que uma qualidade cênico-musical
do grupo-trupe. O site é uma bela (mas ardilosa)
apresentação do trabalho visual, que é
muito bem feito. Só estou aqui para notar aquilo
que eles julgam e vendem promover, mas que, infelizmente,
não acontece.
A tentativa, vazia, de se tornar um Lirinha de adolescentes
é estrondosamente horrorosa. O vocalista-líder-iludido,
Fernando Anitelli, tenta, bruscamente, portar-se como profeta.
E que, de fato, em certos momentos do show, o é.
Posto os urros ao final de suas declarações
poéticas como “e se antes um pedaço
de maçã/hoje quero a fruta inteira/e da fruta
tiro a polpa/da puta tiro a roupa” ou a política
“pigilógico/tauba/cera lítica/sucritcho/graxite/vrido/zaluzejo/‘não
sei falar direito’” – percebe-se.
Tudo é muito simplório. Todos os exercícios
de circo apresentados são fáceis de serem
executados. Digo isto com propriedade, pois consigo (exceto
tecido que nunca fiz) executar todos os números de
malabares com clave e bolinha, portages, que são
vergonhosamente tolas, e os palhaços – bem,
quanto a estes não me reportarei, já que aquilo
não é nem cena, quanto mais número
de palhaços. E o que é mais decepcionante:
isso não significa nada. Não sou acrobata,
palhaço, muito menos malabarista, mas não
me apresento como tais. Infiro que, se o Teatro Mágico
continuar com a mesma proposta, mas não qualificar
sua execução, irá tornara-se um desses
grupos momentâneos – e ridículos –
da já rasa novidade contemporânea.
Quem foi ao show, poderá perceber todo o discurso
que aqui faço, pode não concordar, mas perceberá.
Para quem não viu, assistam quando tiverem oportunidade,
mas vão de graça ou paguem um preço
mínimo. Não façam como este bagre colunista
que desembolsou R$25 pelo ingresso. Assim, acometam-se ao
“Teatro Mágico” e depois querelamos.
Para terminar, um verso que é quase um assalto: “hoje
eu não vivo só/em paz/hoje eu vivo em paz
sozinho/muitos passarão/outros tantos passarinho”,
ah se o Quintana ouve isso...
Consideração:
Quero aqui também explicitar meu respeito pela prezada
colega binocular Fernanda Pinho. Como a proposta deste site
sempre foi e permanece sendo a de uma “demo”cracia,
só venho dar uma opinião contrária
a de minha companheira de trabalho, que é tão
válida quanto esta. Reporto-me com o maior respeito
a tal, pois foi a partir de seu texto que me senti incentivado
a escrever o presente.
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Leonardo Rocha
é jornalista, ator e cineasta. Fale com ele: E-mail:
nadorocha@yahoo.com.b
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