Um corpo torto, aos pedaços, rasgado como uma folha pode ser um problema, mas não uma fossa de perdões, indulgências, insignificâncias. Não sou um vaso podre que num simples toque pode estilhaçar-se em pedaços de pena, amparos. Ainda estou vivo meu irmão!

Tela: A Lua, de Tarsila do Amaral (1928)
óleo/tela 110 X 110cm (reprodução)

 

07/09/07
Teatro Mágico é o escambal

Queria elucidar que aquilo não é teatro, muito menos mágico. A idéia é interessante, o trabalho visual do grupo é melhor ainda, mas, na prática (como diriam os atores) a coisa não funciona. As letras são extremamente fracas, assim como a música – um pop rock no melhor estilo Jota Quest, mas travestido de plumas, maquiagens, malabares, portages e uma “coisa” que é uma tentativa de ser jogo cênico. Como explicar então o sucesso do grupo? Não existem atributos? Sim, mas é mais uma propagação de um conceito estético do que uma qualidade cênico-musical do grupo-trupe. O site é uma bela (mas ardilosa) apresentação do trabalho visual, que é muito bem feito. Só estou aqui para notar aquilo que eles julgam e vendem promover, mas que, infelizmente, não acontece.

A tentativa, vazia, de se tornar um Lirinha de adolescentes é estrondosamente horrorosa. O vocalista-líder-iludido, Fernando Anitelli, tenta, bruscamente, portar-se como profeta. E que, de fato, em certos momentos do show, o é. Posto os urros ao final de suas declarações poéticas como “e se antes um pedaço de maçã/hoje quero a fruta inteira/e da fruta tiro a polpa/da puta tiro a roupa” ou a política “pigilógico/tauba/cera lítica/sucritcho/graxite/vrido/zaluzejo/‘não sei falar direito’” – percebe-se.

Tudo é muito simplório. Todos os exercícios de circo apresentados são fáceis de serem executados. Digo isto com propriedade, pois consigo (exceto tecido que nunca fiz) executar todos os números de malabares com clave e bolinha, portages, que são vergonhosamente tolas, e os palhaços – bem, quanto a estes não me reportarei, já que aquilo não é nem cena, quanto mais número de palhaços. E o que é mais decepcionante: isso não significa nada. Não sou acrobata, palhaço, muito menos malabarista, mas não me apresento como tais. Infiro que, se o Teatro Mágico continuar com a mesma proposta, mas não qualificar sua execução, irá tornara-se um desses grupos momentâneos – e ridículos – da já rasa novidade contemporânea.

Quem foi ao show, poderá perceber todo o discurso que aqui faço, pode não concordar, mas perceberá. Para quem não viu, assistam quando tiverem oportunidade, mas vão de graça ou paguem um preço mínimo. Não façam como este bagre colunista que desembolsou R$25 pelo ingresso. Assim, acometam-se ao “Teatro Mágico” e depois querelamos. Para terminar, um verso que é quase um assalto: “hoje eu não vivo só/em paz/hoje eu vivo em paz sozinho/muitos passarão/outros tantos passarinho”, ah se o Quintana ouve isso...

Consideração: Quero aqui também explicitar meu respeito pela prezada colega binocular Fernanda Pinho. Como a proposta deste site sempre foi e permanece sendo a de uma “demo”cracia, só venho dar uma opinião contrária a de minha companheira de trabalho, que é tão válida quanto esta. Reporto-me com o maior respeito a tal, pois foi a partir de seu texto que me senti incentivado a escrever o presente.

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Leonardo Rocha é jornalista, ator e cineasta. Fale com ele: E-mail: nadorocha@yahoo.com.b




 
 
 
 

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