|
|
||||
|
|||||
22/05/07
Isso tudo aconteceu em 2003. Eram outros tempos, outros personagens. Mas hoje, em 2007, o filme continua fazendo sucesso. Arnoldão, de piada de mal-gosto, passou a governante exemplar, reeleito e adorado pelo povo. E mais: o Exterminador do Futuro é uma grande esperança de dias melhores para o planeta Terra e seus habitantes. Não, isso não é a sinopse do filme de 1989. Schwarzenegger carrega a bandeira verde como poucos em seu partido, geralmente identificado aos poderosos donos de indústrias petrolíferas, entre outras poluidoras contumazes, e aos ultraconservadores religiosos do Bible Belt, o Cinturão da Bíblia representado pelos habitantes interioranos dos Estados Unidos. Ele é um entusiasta dos combustíveis alternativos, e quer diminuir a dependência que os EUA têm dos combustíveis fósseis. Etanol brasileiro Na última semana, durante um simpósio sobre combustíveis com baixos níveis de carbono, o governador criticou duramente os subsídios que são fornecidos pelo governo aos produtores de etanol a partir do milho, muito mais caro que o álcool brasileiro, derivado da cana. "Não faz absolutamente nenhum sentido. É loucura, e definitivamente não é do interesse dos consumidores", afirmou. Além disso, ele, reiteradas vezes, questiona as políticas ambientais (in)definidas de seu companheiro de partido, George Bush. No mesmo evento, cobrou a atuação do poder central para o estabelecimento de metas que contemplem os interesses de ambientalistas e industriais. Precisamos de uma política climática que funcione, disse, acossando mais um pouco Bush filho em sua posição de defesa da economia norte-americana (leia-se, interesses empresariais que o colocaram e mantiveram no poder). Arnoldão mira longe. Há cerca de dois anos, ele baixou um decreto que estipulava a redução nos níveis de poluição produzida pelos carros no estado da Califórnia. Todavia, o estado é tão rico que possui simplesmente a oitava economia do mundo. Para a concretização desta mudança, as empresas automobilísticas deveriam fazer ajustes não só na sua frota que roda pelas cidades de São Francisco, Los Angeles e Hollywood, mas em todo o território dos EUA. Bárbara jogada. Embora governador, Schwarzenegger não pode disputar a presidência por ter nascido na Áustria. Para que isso fosse possível, seria necessária uma mudança constitucional, o que dificilmente acontecerá. Infelizmente, pois é muito provável que seu período na presidência fosse muito melhor do que o de outro ex-ator ocupou a Casa Branca: Ronald Reagan, de triste memória. De qualquer forma, o exemplo de Schwarzenegger para o planeta e, principalmente, para os EUA é de que a política deve andar de mãos dadas aos desejos do povo e à responsabilidade de poder fazer um mundo melhor. Por mais sangue cinematográfico que essas mãos já tenham derramado.
Leia também 15/05/07 08/05/07
|
|||||
|