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08/05/07
O advogado Nicolas Sarkozy, também conhecido por Sarko, é a esperança da França para que o país saia da imobilidade. O país encontra-se numa encruzilhada, que foi constantemente citada pelos candidatos à presidência: manter leis trabalhistas e sociais que buscam garantir o bem-estar dos cidadãos ou modificar a estrutura do Estado francês, adotando reformas liberais para que as empresas possam crescer sem ter que pagar tantos encargos e aquecer a economia. A principal vilã para os candidatos da direita é a lei da jornada de trabalho de 35 horas semanais, implantada pelo ex-premier socialista Lionel Jospin, em 2002. Não é permitido trabalhar mais do que a lei estipula no país. Para Sarkozy, ela é a causa do berço esplêndido francês. Seu grande slogan de campanha foi trabalhar mais para ganhar mais. Além das preocupações econômicas, o novo presidente mostra-se mais preocupado em relação às questões da União Européia do que a candidata derrotada no segundo turno, a bela socialista Ségolène Royal. Enquanto ela defendia que as decisões acerca da EU deveriam ser tomadas pela forma de plebiscito, ele prega a aprovação de um tratado institucional simplificado, de forma que as negociações do bloco não continuem em banho-maria. Deve-se lembrar que, em 2005, os franceses rejeitaram o texto da Constituição Européia, travando o avanço do bloco. Em seu discurso da vitória, ele afirmou: Hoje, a França volta à Europa. Mas que Europa é essa que Sarkozy prega? Ele se apresentou como o candidato da ruptura tranqüila. Todavia, logo após a confirmação de sua vitória, os subúrbios franceses voltaram a pegar fogo, com muitos protestos da corja, composta majoritariamente por imigrantes africanos e árabes. É uma faixa de cor à margem da branca Paris. Importante dizer: Sarko é visto como o demônio por ali. Além de todo o preconceito com que trata os imigrantes, o novo presidente é contrário à expansão da União Européia para aquele país que seria a quebra paradigmática do bloco: a Turquia. Ele é contra a entrada dos turcos e, por mais que a maioria dos chefes-de-Estado europeus estivesse torcendo por sua vitória, se preocupam com sua posição firme e decidida sobre o assunto. Para Sarkozy, a Europa termina na Romênia (aliás, se fosse por ele, terminava mais à oeste). Uma França coesa, economicamente ativa e socialmente forte é essencial não só para a UE, mas para o mundo. O país sempre foi uma das grandes referências políticas, sociais e comportamentais da Humanidade termo que deve grande parte de suas acepções modernas aos pensadores franceses. O novo presidente parece muito interessado em levar a França novamente ao papel de protagonismo mundial. Porém, é preocupante que ele não entenda que a sua França não é mais apenas o país dos antigos gauleses; é a nação dos negros da África e do Caribe, dos árabes magrebinos, dos portugueses imigrantes. É a França que surgiu como resultado da expansão colonial do século XIX. E se ela mantém papel relevante no mundo, é também por ter explorado regiões em quase todos os continentes. Países que hoje têm o francês como língua e a França como norte. O mundo precisa da França, mas ela não pode ser a França de Sarkozy.
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