O 3º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado na primeira semana deste mês, mostrou como o partido precisa se reinventar para continuar carregando a bandeira da ética e da esquerda.
 

06/09/07
Discutindo o PT

A importância do PT para o país é indiscutível. Principal partido de esquerda do país, com o maior número de militantes e atual ocupante - escorado na figura do presidente da República - do posto mais significativo do país, ainda tem sérios problemas. O 3º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado na primeira semana deste mês, mostrou como o partido precisa se reinventar para continuar carregando a bandeira da ética e da esquerda.

Alguns pontos estranhos, presentes nas resoluções da reunião, denotam as várias as diferenças existentes entre os mais variados campos ideológico do PT. “Socialismo sustentável” apareceu como expressão mágica para mostrar uma evolução do partido rumo a um capitalismo menos canibalista e competitivo. Seja lá o que esse socialismo possa significar, ele denota, no mínimo, a compreensão de que o modelo socialista fundado exclusivamente nas bases marxistas já foi compreendido, pelos próprios petistas, como algo inviável.

O relatório da reunião diz que: “A democracia representativa no Brasil vive uma das suas maiores crises: ilegitimidade, descrédito, desmoralização do Poder Legislativo, quebra de confiança e de possibilidade de construção de acordos e compromissos estáveis e duradouros nas casas legislativas”. Se o próprio partido faz um diagnóstico tão pessimista quanto este é sinal de que os dos postos ocupados na administração federal e também no Congresso, não estão correspondendo ao esperado pelos petistas. Certo? Aparentemente sim. Entretanto, o presidente Lula aprova, cada dia mais, a criação de empregos no Estado brasileiro que não são pensados de forma a criar um projeto em longo prazo. Até mesmo o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é algo “para ontem”, como se diz na gíria popular.

O PT, no entanto, presta um grande serviço ao se preocupar com a reforma política. Dizendo que “financiamento público de campanha, voto em listas pré-ordenadas -assegurando equidade de gênero, mediante mecanismo que intercale mulheres e homens nas listas--, fim das coligações proporcionais, criação das federações de partidos e estabelecimento de critérios rigorosos de fidelidade partidária”, são pressupostos importantes para se ter uma democracia forte e consistente.

Discutir, aprimorar, criticar e formular novas idéias sobre a política nacional é importante não só para o PT, mas para todos os partidos políticos do país. Mudar a concepção de que política é coisa para políticos ou que todos são ladrões contribui, e muito, para um melhoramento da democracia. Mas sobejamente importante é fortalecer partidos políticos como instrumentos de participação popular e de representação de conceitos sobre a sociedade. O Partido dos Trabalhadores trabalha numa esfera importante da democracia ao enfatizar a participação popular no processo político; falta ainda conceber a política com menos paixão e com mais racionalidade.

Acreditar que Dirceus, Pereiras, Valérios e Genoínos são importantes em um processo de evolução da sigla é um retrocesso. Com ou sem Lula, em 2010, o PT precisa se reinventar. Nem que pra isso tenha de cortar na carne.


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Guilherme Ibraim é jornalista e desde o início da carreira trabalhou nas assessorias de imprensa dos Correios e Epamig (Empresa de Pesquisa Agropécuária de Minas Gerais). Além disso participou de projetos de jornalismo público como o Jornal da Rua. Em 2006 trabalhou como produtor de jornalismo na Rádio Inconfidência e como repórter do site Futbrasil ( www.futbrasil.com). Atualmente realiza coberturas e transmissões esportivas pela Agência AMR Notícias. Fale com ele: g.ibraim@gmail.com


   
 
 

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