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16/04/07
Sabia bem o que estava vivendo e não era a primeira vez em que maximizavam problemas e minimizavam sentimentos. Mas gostava de recorrer a ela nestes momentos críticos. E não gostava de pensar o quão cabeça-dura ele poderia se tornar em algumas situações. Dava-lhe a sensação que seu orgulho era maior que o amor a ela dedicado. Preferia lembrar dos momentos de extremo carinho que viveram, jovens, quando o objetivo comum era somente curtir o presente que a vida lhes enviou: um sentimento dos mais bonitos já vistos por aí. Não sabia mais se gostava realmente de ler aquelas palavras ou se era uma espécie de tortura a que se propunha para se aprofundar no sofrimento. Se fosse o fim, preferia vivê-lo logo e se não fosse, não havia necessidade de tamanho silêncio. Havia perdido a noção de quando começaram a deixar resoluções para depois ou se algum dia já havia sido diferente. "Deve ser mesmo isso que acontece com os casamentos" - pensara. Seguiu
buscando soluções práticas para problemas,
quase sempre, tão subjetivos. Tentou não imaginar
o que ele, agora distante, pensava ou fazia. Lembrou-se do tempo
de solteira em que prometera-se focar apenas em questões
determinantes ao seu bem-estar e resolveu relaxar. No entanto,
sabia que muita coisa havia mudado em todos estes anos... Não
poderia ser egoísta e pensar apenas em suas inseguranças
de mulherzinha. Havia toda uma vida construída prestes
a se desmoronar. Havia o sentimento das crianças, a opinião
da família, a divisão de bens e tantas incertezas
que permeavam qualquer decisão que fosse tomada. Havia
uma espécie de dívida com todos aqueles que a rodeavam
e, no fundo, sabia bem que a maior delas era consigo mesma. Leia também: 05/03/07
Sobre a coluna
Trejeitos: Nesta coluna, o leitor encontra crônicas escritas sob a ótica de três diferentes estilos. Os jornalistas Ariadne Lima, Cristina Mereu e Guilherme Amorim escrevem sobre temas variados a cada semana, partilhando com o público, cada um, um jeito diferente de enxergar a vida. |
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