Heiddeger já afirmava sobre a mobilidade da cultura: “habitar para construir”. A construção está presente, mas reconfigurada. Territórios digitais aglomeram um sem número de usuários em torno de idéias.
 

10/08/07
Tecnologias móveis, ou como se encontrar física e culturalmente

Uma nova sensibilidade espacial. Você possivelmente já se encontrou na seguinte situação: indo para casa de um amigo, em algum local desconhecido, quando de repente pensou estar perdido. Rapidamente usou seu celular para que, após uma breve ligação, indicassem o caminho correto para se chegar ao ponto desejado.

O professor da UFBA, André Lemos é hoje um dos principais nomes dos estudos em Cibercultura do país. Em seu artigo Ciberespaço e Tecnologias Móveis – Processo de Territorialização e Desterritorialização, aborda o tema dos espaços – físicos e digitais – de maneira esclarecedora. Segundo ele, de fato há a efetivação da fuga/busca de um espaço a partir da utilização dos novos dispositivos de comunicação telemática (celulares, computadores etc), entretanto, o processo leva a uma reconfiguração, criando novos paradigmas espaciais. Aqui vale ressaltar que a compreensão da palavra Território não esta necessariamente ligada à idéia de espaço físico.

Exemplo: imagine um indivíduo que há alguns anos, antes de ter acesso à internet, freqüentava constantemente lojas de disco e shows no cenário alternativo de sua cidade. Nestes “territórios”, trocava informações sobre bandas novas e material fonográfico. Posteriormente, com a ampla utilização da internet, ele passa a buscar materiais e informações em ambientes digitais. A partir daí, percebemos um processo de des-re-territorialização. Embora encontre as mesmas fontes antes buscadas, agora, no território digital, ele tem o acréscimo de outros fatores. Facilidade e instantaneidade estão entre alguns pontos chaves.

Claro, isso não é nenhuma novidade, mas se pensarmos do ponto de vista macro...

Heiddeger já afirmava sobre a mobilidade da cultura: “habitar para construir”. A construção está presente, mas reconfigurada. Territórios digitais aglomeram um sem número de usuários em torno de idéias. A mobilidade territorial se torna ainda mais presente na sociedade em rede. Agora, mais que nunca, o individuo não limita seu território a aspectos físicos, políticos ou de quaisquer naturezas. O usuário se torna, ao mesmo tempo, porta-voz de idéias, e receptor. O espaço-público, percebido em blogs, sites de opinião, programas p2p, volta à tona e torna-se o principal território político da web.

É inevitável que, com o avanço das tecnologias de comunicação móveis (veja o iPhone) tenhamos novas fronteiras e novos desafios. A web, já presente nestes dispositivos, ganhará características nômades. Qualquer individuo, num futuro não muito distante, estará apto a acessá-la onde quer que esteja. Assim, institucionalizaremos, de uma vez por todas, a mobilidade cultural (através das trocas simbólicas) independentes de fronteiras nacionais e políticas de protecionismo.


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Salomão Terra é jornalista, webpublisher, pós-graduando em Jornalismo e Cultura pelo Uni-BH. Além de colaborador e colunista do site O Binóculo, estuda Cibercultura e Arquitetura da Informação, atua como webwriter, matem o blog Infosfera e colabora em websites de tecnologia e informação. Tecle com ele: salomaoterra@gmail.com



   
 
 

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