Quarta-feira - 23/05/07
Zulaiê Cobra tinha razão

Há cerca de 20 dias, a ex-deputada federal do PSDB de São Paulo Zulaiê Cobra deixou o partido. Sua alegação é de que os tucanos estão se aproximando muito do governo Lula, esquecendo-se de seus ideais e dos recentes problemas envolvendo o Partido dos Trabalhadores.

Durante a crise que aflorou em 2005, sobretudo com relação aos mensaleiros, a então deputada foi uma das vozes mais agudas contra o Palácio do Planalto. Em um discurso para militantes peessedebistas, ela chegou a chamar o presidente Lula de bandidão. Adjetivo que rendeu a ela uma notificação no Conselho de Ética da Câmara, mas que, até agora, não deu em nada, nem deve dar.

Nas eleições de 2006, Zulaiê trocou uma provável reeleição para deputada por um desafio maior: a disputa ao Senado por São Paulo, na suplência de Guilherme Afif Domingos. Mas ela não teve sucesso, e sua chapa foi derrotada por Eduardo Suplicy-PT.

Afastada da cena desde então, ela reapareceu para avisar que estava se desligando do PSDB. Sem poupar críticas à conduta de seu ex-partido, disparou: “o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), se encontra com o presidente Lula e sai dizendo que a oposição tem que ser racional. Que história é essa? Vai plantar batatas. O governador José Serra fica puxando o saco do Lula. O Serra gosta do PT. Cadê o PSDB? É uma vergonha. Não tem partido de oposição. O Democratas faz muito mais barulho que os tucanos”.

Além do clima ameno entre seu ex-partido e o governo, outros fatos estão colaborando para darem razão a Zulaiê. Em matéria publicada recentemente no Jornal Hoje em Dia, o governador Aécio Neves afirmou que “não descarta” a possibilidade de uma parceria entre o PSDB e o PT, na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O futuro a Deus pertence. Eu não fecho as portas para isto”, disse. Na opinião do governador, o importante é construir um projeto para o Brasil. Sobre os lados opostos entre seu partido e o PT, disse que “nada é irreversível na política”.

Quando nós presenciamos políticos e partidos que, em dado momento, entram em pé de guerra e, logo após, sinalizam possíveis alianças, perdemos um pouco a noção de quem está de que lado e quem é quem. Parece que estamos diante de um vale tudo em nome do poder, o que, a meu ver, colabora ainda mais com a desconfiança que grande parte dos brasileiros tem com relação à política e aos políticos. Lembro-me, mais uma vez, do saudoso Raul Seixas: “hoje a gente já não sabe de que lado estão certos cabeludos, tipo estereotipado. Se é da direita ou da traseira, não se sabe lá mais de que lado”. Com a ressalva de que entre os personagens aqui citados nenhum é cabeludo.


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Orozimbo Souza Júnior é jornalista, assessor de imprensa e pós-graduando em Comunicação Política. Escreve todas as quartas-feiras. E-mail: souzajunior1@yahoo.com.br

 
 

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