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As experiências recentes do nosso país com a chamada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) têm se mostrado decepcionantes. As comissões são instauradas, investigações são feitas, irregularidades descobertas e apresentadas, mas, via de regra, punição que é bom, nada. Já ouvi, não raras vezes, a seguinte opinião: “no Brasil é assim: se você não quer condenar ninguém, não quer investigar nada, nem acabar com maracutaias, basta criar uma CPI.”. De fato, os históricos que justificam esse ponto de vista são vários. Não é o caso de citar aqui. Outro problema verificado é que muitos políticos que participam, às vezes até brigam para participar, fazem das comissões palanques eleitorais. O propósito de investigar torna-se munição contra os adversários. Chegar ao cerne dos trambiques e apresentar respostas à sociedade fica para o segundo plano. De uns tempos para cá, tem sido aventada a possibilidade de mais uma CPI. Desta vez, para investigar os motivos do denominado “apagão aéreo”. A proposta é defendida “a tapa” pela oposição ao governo Lula, sobretudo por parlamentares do DEM, antigo PFL. Num primeiro momento, vi nos oposicionistas apenas o intuito de desestabilizar um mandato que acaba de ser iniciado. Não via na crise aérea motivo suficiente para que a discussão chegasse ao Congresso. Haja vista outros problemas que afligem muito mais nossa população, mas que não são tratados como merecem. Exemplo disso: as discussões sobre revisão no nosso Código Penal. Contundo, a interminável crise no setor aéreo, que, a cada dia, ganha novos componentes, precisa de um basta. É bem verdade que, no nosso país, poucas pessoas são afetadas diretamente pelo problema. Mas isso depõe, e muito, contra nossa infra-estrutura. Além de não sabermos se estamos livres do risco de mais um acidente, como o do vôo 1907 da Gol, em setembro último. Em meio aos tumultos provocados pela recente greve dos controladores, chamou-me a atenção a indignação de uma turista argentina, que foi impedida de retornar a seu país no horário previsto, porque ficou presa várias horas no aeroporto de Guarulhos. Diante das câmeras, ela perguntou, em tom de desabafo: “onde está o progresso que é estampado na bandeira de vocês? Progresso, só se for na m...”. Exageros à parte, reafirmo que o problema já chegou ao limite. Algo precisa ser feito para ontem. Mesmo que o histórico de CPI’s seja desanimador, é preciso, ainda, acreditar que a medida pode ser uma solução. Para tanto, rivalidades políticas devem ser deixadas de lado, e os interesses da população tenham prioridade, o que, em política, nem sempre ocorre.
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