Quarta-feira - 27/06/07
“Tocaia Grande”

Jair Amaral/em - 10/6/06 - José Varella/CB - 15/3/06

Confesso que tive um pouco de dificuldade para escrever a coluna desta semana. Na verdade, não sabia como iniciar o texto. Normalmente, escolho um tema bem “quente” no noticiário político e aplico sobre ele as técnicas de redação jornalística aprendidas na faculdade. Contudo, o assunto eleito para esta quarta exigiu-me um pouco mais.

Estava em dúvida se abria a redação com “cena de faroeste” ou “cena de novela de época”. Antes de resolver, dei uma conferida no calendário, para me certificar de que estamos no mês de junho de 2007. Feita a conferência e confirmado que, sim, estamos em 2007, optei por “cena de novela de época”. Tem mais a ver com a realidade do nosso país, e é fiel a um acontecimento absurdo, envolvendo duas das nossas “vossas excelências”.

Refiro-me à acusação contra o deputado federal Mário de Oliveira (PSC-MG), que teria contratado um pistoleiro para matar o também deputado federal Carlos Willian (PTC-MG). Esse acerto de contas seria motivado por uma dívida que Willian tem com Oliveira, além de disputas internas na Igreja do Evangelho Quadrangular, da qual ambos os parlamentares fazem parte do corpo diretivo.

De acordo com fortes indícios apurados pela polícia, inclusive com escutas telefônicas, tudo ocorreu bem ao estilo daquelas novelas de época ambientadas nos grotões do Brasil. Um matador de aluguel foi escalado para “dar cabo” de Willian, em uma tocaia em Belo Horizonte. Entre janeiro e abril, o pistoleiro, apelidado de Alemão, veio à nossa cidade por várias vezes, mas algumas circunstâncias o impediram de alvejar seu alvo. A última tentativa teria sido na semana passada. O deputado foi salvo porque veio para BH na comitiva do presidente Lula, que aqui esteve inaugurando obras na avenida Antônio Carlos.

Infelizmente, essa prática, a da pistolagem, continua existindo no nosso país, em pleno século 21. Alguns políticos resolvem na bala desavenças com seus adversários. O que assusta nesse caso é a ousadia: tentar matar um deputado federal com atuação em Belo Horizonte, terceira mais importante cidade do país, bem no raio de alcance dos holofotes. Esses crimes são mais comuns em cidades pequenas, sobretudo do Norte e do Nordeste. Ainda bem que Carlos Willian parece ter o corpo fechado.

Como disse anteriormente, o caso está em fase de investigação. Contudo, os indícios são latentes. Mas o que me preocupa não são os desdobramentos, e sim uma outra prática comum por essas bandas, a de que autoridades estão acima do bem e do mal. Mesmo que fique comprovada a acusação contra Mário de Oliveira, ele pode se safar, por causa do julgamento em foro privilegiado e de outras distorções que emperram a condenação de certos criminosos.



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Orozimbo Souza Júnior é jornalista, assessor de imprensa e pós-graduando em Comunicação Política. Escreve todas as quartas-feiras. E-mail: souzajunior1@yahoo.com.br

 
 

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