Quarta-feira - 25//07/07
Será o fim do Carlismo?

Nos anos 80, ele chegou a dizer que sua força política era tão grande que conseguiria eleger até um poste. De fato, na esteira de Antônio Carlos Magalhães, vários políticos com pouca expressão pública conseguiram vencer eleições a partir do apoio do político falecido na última semana, difundindo uma espécie de filosofia política, que ficou conhecida como Carlismo.

Com o passar dos anos, no entanto, o poder do baiano foi abalado. Alguns episódios colaboraram sobremaneira com isso. O primeiro foi a morte prematura de seu filho Luís Eduardo, em 1997, tido como seu herdeiro político. No ano de 2001, ACM se envolveu em um fato que gerou muita polêmica: a violação do painel do Congresso Nacional. Para não ser cassado e perder seus direitos políticos, renunciou ao mandato. Em seu discurso de despedida, disse que daria a volta por cima, sendo reeleito. O que de fato aconteceu. Mas a violação do painel maculou para sempre sua credibilidade.

Na seqüência, o “patriarca” do Carlismo viu sua doutrina política sofrer dois duros golpes, com a perda da Prefeitura de Salvador, em 2004, para um grupo oposicionista da capital baiana. Em 2006, veio outra surpresa, quando o candidato que ACM apoiava foi derrotado, ou melhor, destronado, ainda no primeiro turno, para um de seus maiores desafetos políticos, o Partido dos Trabalhadores. O petista Jacques Vagner se elegeu governador na Bahia, com uma virada incrível.

Mais uma vez, veio à tona a perda de prestígio dos Carlistas. Na ocasião, Antônio Carlos Magalhães, ao ser questionado por jornalistas se a derrota na disputa pelo governo estadual representava o fim do Carlismo, respondeu com segurança: “Claro que não. O Carlismo está mais vivo do que nunca. Vamos passar por um momento de reciclagem e voltar. O PT vai fracassar no governo e nós retornaremos ainda mais fortes”.

Particularmente, não acredito nessa profecia. As derrotas acima citadas já eram indícios fortes de que as coisas não iam nada bem para o clã dos Magalhães. Sem querer fazer ironias, mesmo porque o momento não permite, a morte de Antônio Carlos Magalhães será o golpe de misericórdia no Carlismo. Sobretudo porque o político não deixa herdeiros à altura. Os mais influentes, creio, são o senador César Borges e o deputado federal ACM Neto. São homens com considerável força política, mas muito aquém do poder do velho ACM. Não espero que terão condições de levar adiante os mandamentos do ex-senador.

 


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Orozimbo Souza Júnior é jornalista, assessor de imprensa e pós-graduando em Comunicação Política. Escreve todas as quartas-feiras. E-mail: souzajunior1@yahoo.com.br

 
 

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