Quarta-feira - 25/04/07
Oposicionistas em rota de colisão
O que era classificado apenas como especulação ou boataria está cada vez mais próximo de acontecer. O fim do casamento entre PSDB e PFL (atual DEM, Democratas) já tem data marcada, segundo especialistas. Faz algum tempo que os outrora denominados “gêmeos siameses” não falam a mesma língua. Isso é ruim para a democracia, uma vez que a oposição tem papel fundamental no que diz respeito à fiscalização do governo vigente.
Em recente entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o cientista político Francisco Fonseca, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, disse apostar na ruptura entre PSDB e Democratas, antes das eleições municipais do ano que vem. O clima ruim entre as duas legendas não se deve só aos fatos recentes, abordados nesta coluna em outros textos. O mal-estar começou nas eleições de 2002, quando Roseana Sarney seria a candidata do PFL para a Presidência da República. Bem cotada nas pesquisas, com reais chances de ser eleita presidente, a filha de José Sarney viu sua candidatura ruir ao ter seu nome envolvido em um escândalo, no qual teria havido uma suposta influência de José Serra, então candidato pelo PSDB.
Por falar no pleito do ano que vem, a “pá de cal” nessa aliança deverá ser a disputa pela prefeitura da cidade de São Paulo. Corre nos bastidores um forte boato de que o DEM não abrirá mão de lançar o atual prefeito, Gilberto Kassab, que é do partido e que assumiu o cargo quando o então prefeito José Serra candidatou-se ao governo do Estado. Por outro lado, o pouco peso político de Kassab é visto como obstáculo para essa possibilidade. Com isso, há quem afirme que a ruptura pode ser adiada, e as duas legendas fechem apoio ao tucano Geraldo Alckmin, político prestigiado entre os paulistanos, mesmo após a sonora derrota para Lula em 2006.
Um dos principais fatos recentes para o distanciamento entre os partidos é aproximação do PSDB junto ao governo Lula. Com um tom moderado, o partido parece não querer desagradar o Palácio do Planalto, visando benefícios em 2010. Mais radical, o DEM rechaça essa postura de seu parceiro. De qualquer forma, mesmo que indícios se confirmem e a ruptura ocorra, é preciso ressaltar que ambas as legendas são muito grandes e podem exercer uma oposição que venha a somar para o Brasil. Por outro lado, às vezes fico refletindo sobre o papel dos oposicionistas dos últimos governos de maneira geral, e não vejo nada demais. O que temos, normalmente, é uma oposição destrutiva, pouco interessada no país, apenas em deturpar a imagem de quem está no poder. Refiro-me a todos os partidos, os ditos da esquerda, da direita, ou da traseira, como dizia o saudoso Raul Seixas.
Nessas horas, pergunto-me: o que seria pior, uma oposição inexistente ou uma oposição destrutiva e irresponsável? Reflitamos.
___________________________________ Orozimbo Souza Júnior é jornalista, assessor de impresa e pós-graduando em Comunicação Política. Escreve todas as quartas-feiras. E-mail: souzajunior1@yahoo.com.br