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Na semana passada, como parte da propaganda eleitoral gratuita, foram feitas inserções do PMDB na programação das emissoras de TV. Na campanha, alguns dos caciques do partido falaram sobre a grandeza da legenda, conquistas, projetos etc. Contrariando uma certa marca de racha permanente entre os partidários, todos, rigorosamente todos, destacaram: "o PMDB apóia o governo Lula". Até aí, nada demais, apesar de que coesão é palavra rara entre os peemedebistas. Hoje, por exemplo, o ex-ministro do STF Nelson Jobim anunciou sua desistência de concorrer à presidência do partido. Com isso, o atual presidente, Michel Temer-SP, que concorre à reeleição, terá campo livre para vencer. Especula-se que o principal motivo para a renúncia teria sido uma articulação do Palácio do Planalto em prol da candidatura Temer. O Governo Lula estaria fortalecendo o grupo que apóia o atual presidente da legenda, oferecendo ministérios estratégicos, como o da Integração Nacional, que seria ocupado pelo deputado peemedebista Geddel Vieira Lima-BA, aliado de Temer. Curioso nessa estratégia governista é o fato de que dois grandes aliados de Lula no PMDB, os senadores Renan Calheiros-AL e José Sarney-AP, apóiam Nelson Jobim na disputa pelo comando do partido. Os dois tentarão fazer com que Jobim reveja sua opção pela desistência. Se a coesão do PMDB em torno do apoio a Lula no primeiro mandato do presidente da República não foi alcançada, o desenrolar desse episódio pode restabelecer o racha, e o partido ficará divido quanto às questões que envolvem o governo. Assim, a afirmação feita por todos na propaganda política terá de ser revista. Nos quatro anos do primeiro mandato de Lula, o PMDB sempre esteve disperso no apoio ao presidente da República. O deputado Michel Temer era um dos que mais levantavam a voz contra o Palácio do Planalto. Outros segmentos do partido eram pró-Lula. Talvez essa mudança de opção, ou seja, a quem agradar, deva-se ao fato de ser mais interessante ter como aliado o grupo de Temer. O que se sabe é que em política todas as decisões são amadurecidas antes de serem tomadas. O que não se pode é prever o que vai acontecer. De qualquer forma, ao contrariar nomes fortes do PMDB, o governo Lula pode começar a criar seus próprios obstáculos, mesmo que o risco seja calculado.
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