30/04/07
Noite de contemplação

Bruno Zanette
Colaborador


Já eram por volta das 20 horas, daquela quinta-feira fantástica, do dia 26 de abril, quando cheguei ao Chevrolet Hall com o desejo de ter uma das melhores noites de minha vida, afinal depois de longos dezenove anos de espera, Jethro Tull, uma das maiores bandas que revolucionou o Rock´n Roll Progressivo, nas décadas de sessenta e setenta, voltava a pisar em terras mineiras. A fila estava quilométrica (dobrava esquinas), quase no meio da rua, ora me via disputando o espaço com os carros que por lá passavam ou estacionavam, ora com a própria população, que em romaria seguiam para o show.

Depois de muita confusão e empurra-empurra, digno de qualquer grande apresentação, lá dentro éramos pura expectativa, mais de cinco mil entusiastas a espera das primeiras notas da flauta mágica de Ian Anderson. Quando as luzes se apagaram, já eram quase dez da noite e a ansiedade só aumentava, mas por pouco tempo.

Sorrateiro e furtivo Anderson surge no palco não com sua inseparável flauta, mas com um gaita, incendiando a platéia ao lado de seu eterno parceiro, o guitarrista Martin Barre, no blues aloprado “To Be Sad Is A Mad Way To Be”, no qual mostrou, que mesmo com quase quarenta anos na estrada o fôlego da banda não diminuiu em nada. Logo em seguida fomos transportados aos áureos tempos do psicodelismo da boa música com “Living the Past”.

Mas a temperatura do show começou a aumentar quando a violinista norte-americana, Ann Marie Calhoun, que acompanhou a banda em quase todas as musicas, foi chamada ao palco, mostrando que mesmo tendo sua origem na musica clássica, a musicista, que era toda boa; boa de se ver, de se ouvir, de se contemplar; tem um pezinho e, claro as duas mãos no bom e velho Rock´n Roll.

Nesse momento o público, que já estava enfeitiçado, em um estado de transe quase divino. Foi quando começaram a manifestar os primeiros acordes de “My God”......Oh my god, o que foi aquilo, solos de flauta se fundiam entres os solos de violino e de guitarras em um sinergia mais do espiritual, logo em seguida foi a vez do endiabrado Ian Anderson tomar um pouco de ar e deixar o espetáculo nas mão de sua intrépida trupe, mostrando toda a maturidade que a banda adquiriu em suas viagens.

Pouco depois veio a tão aguardada “Aqualung”. Nessa hora já não se sabia qual calor era maior, o da temperatura ou a do show, a galera vibrava, assava; fritava diante do som inebriante do Jethro Tull. Não havia mais o que esperar, estava tudo lá; os grandes clássicos, as peripécias de Ian, que iam de encontro as nossas expectativas, as brincadeiras da banda e a inconfundível paz de espírito, que só quem estava no meio daquela “sonzeira” era capaz de ter.

Quando todos nós já nos dávamos por mais que satisfeitos eis que surge fumegando, na hora do bis, a “Locomotive Breath”, nos levando todos ao mais alto nível de satisfação que poderíamos alcançar. O show foi de fato um espetáculo, não deixando desejar em nada, claro que faltou mais das belas distorções de Barre, mas em compensação, sobrou entusiasmo, energia, bom humor e, indiscutivelmente, competência, dessa que, como já foi dito anteriormente, é a maior banda de Rock de todos os tempos.

Durante a saída éramos apenas contemplação, todos na mais absoluta certeza que aquela noite demoraria para se acalmar em nossas mentes e que o grande Jethro ainda é o Tal.

 
 

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