15/03/07 - Quinta-feira
Violência, organizadas e a cervejinha nos estádios

A fim de coibir a violência nos estádios mineiros, representantes de América, Atlético e Cruzeiro, juntamente com o Ministério Público (MP) e a Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais (Ademg), decidiram, no fim do ano passado, proibir a venda de bebidas alcoólicas no Mineirão - três meses depois, a medida se estendeu para o Independência. O motivo: a cervejinha seria potencializadora da violência.

E de fato é. Quem nunca, após tomar umas a mais, se achou maior e mais forte do deveras é? Contudo, a polêmica surge quando indagamos se, com a proibição, os índices de violência irão reduzir. Na minha opinião não. E digo porque: sem a cervejinha, poderão ser evitadas, creio eu, apenas brigas isoladas nos estádios. Algo ínfimo perto do registrado nos boletins de ocorrência policial nos dias de jogos – ou sobretudo dos não registrados. A medida é falha porque não se estende aos reais responsáveis: os membros das torcidas organizadas que, bêbados ou não, têm introjetados em si a cultura da violência.

Primeiramente, gostaria de reconsiderar a afirmação anterior e procurar não generalizar. Com certeza há torcedores destas que não estão ali para brigar ou roubar. Porém, não há como questionar a ligação direta entre os mais graves casos registrados e as organizadas. Sempre que a violência nos campos torna à mídia, lá estão as organizadas. Como já dizia o chavão: com fatos não se discute.

Dado isso, as ações para coibir a violência nos estádios deveriam ser nesse sentido: um maior controle sobre as torcidas. E a prova de que isso dá certo são as medidas adotadas na Inglaterra para conter os Hooligans. Não foi proibindo a tradicional cerveja nos estádios que os Hooligans pararam de bater. Há que se ter uma ligação mais estreita entre as autoridades e as torcidas, com registro dos integrantes, câmeras dentro e fora dos estádios para identifica-los e, sobretudo, punição para os baderneiros.

A outra lamentável conseqüência da medida adotada em Minas foi a extenção da punição a quem não tem nada a ver com isso: pais de família, trabalhadores e jovens que, entre um gol e outro, curtem tomar uma cervejinha – grupo este último no qual me encaixo.



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Luiz Guilherme é jornalista. Escreve aqui todas as quintas. Fale com ele:luizguilhermemr@gmail.com

 
 

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