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27/05/07
Vai
um vinil aí, companheiro?
"Aquele
foi um ano mágico, alguma coisa de notável, sem
querer ser saudosista, aconteceu ali..." Marcelo Bulhões.
A música dos anos revolucionários é imortal,
amplamente maior do que qualquer outra época. Eles conseguiram
mudar o mundo?
E hoje, 2007. Cá estamos nos anos proféticos in
vitro de Orwell e das catástrofes e aquecimentos globais.
Na última festa de república, onde a média
etária dos presentes não ultrapassa os 22 anos,
adivinha qual era o som mais aguardado da noite? Exato, uma banda
cover deles. Confuso, mal ensaiado e um vocal (feminino!?) que
não havia decorado as letras todas. Nem importava, todos
sabiam cantar e era só mexer os pés e balançar
o corpo. Como disse Marcelo Dantas, em artigo publicado na primeira
edição da revista Piauí, "sejamos objetivos:
os anos 60 terminaram faz tempo. Permanece então a pergunta:
como pode alguém se apaixonar por cabeludos de Liverpool
em meio ao cinismo e à desesperança do século
XXI? Como pode um jovem saudável contrair a febre da beatlemania
em plena era do hip-hop e cultura digital?"
Eu não sei, mas impressiona a infecção. Os
ingleses são tão influentes que é "cool"
dizer que vc gosta deles.
Foram quatro álbuns produzidos em menos de quatro anos.
E são nada menos que (vc certamente já ouviu músicas
destes discos) o Abbey Road (69), o Sgt. Pepper´s Lonely
Hearts Club Band (67), o White Album (68) e o Yellow Submarine
(68). Conhece algum?
E hoje, 2007. Um deles completará 40 anos de vida exatamente
no dia 1 de Junho: o clássico e dizem, o mais influente
disco da música pop lançado no século XX:
"Sgt. Pepper´s". Trata-se de uma produção
altamente criativa e inovadora lançada no ano seguinte
à declaração dos Fab Four de que não
fariam mais apresentações ao vivo (será por
isso?). Provavelmente ele é mais velho que você,
menos rock que o Abbey Road e, como disse o Frejat do Barão
Vermelho: "está fazendo quarentinha, mas com a maior
categoria, com carinha de 18".
O álbum abraçou nada menos que 4 Grammy: "melhor
álbum do ano", "melhor capa de álbum"
(dá pra perder um tempão olhando!), "melhor
álbum de música contemporânea" (atualmente
conhecido como "melhor álbum vocal Pop") e "melhor
engenheiro de som" (Geoff Emerick). Porém, perdeu
três indicações: "melhor desempenho"
(para Anita Kerr), "melhor desempenho de grupo ou dupla"
(para The Mamas & The Pappas) e melhor arranjo intrumental
(perdendo por "A day in the life" para "Strangers
in the Night").

Falando em Beatles e não apenas no Sgt. Pepper´s,
Marcelo Dantas justifica o entusiasmo, "cantavam imensamente
bem, com fabuloso esmero. Sabiam usar a voz com precisão,
potência, caráter. Quem pode resistir ao suingue
vigoroso de Lennon em Twist and Should ou ao charme nostálgico
de McCartney em When I´m Sixty Four?". E mais. Como
alcançar as sensíveis e profundas canções
de George, como Something; ou a garganta raivosa e rouca de Paul
em Oh! Darling!. Quem resistirá? No sábado, o Juca,
colega que cursa RP contou: "um dia eu disse aqui em casa,
quero conhecer Beatles. E fizemos da melhor maneira que poderia
me ocorrer. Sentamos e ouvimos disco-pós-disco do começo
ao fim da carreira, até o Leti it Be (1970). Deu para ver
a evolução e depois daquela session era impossível
ficar indiferente".
"A mente e o coração viajam, abrem as portas
da criatividade e do nonsense, tudo é possível,
desde que seja feito com amor está dado o recado"
escreveu o presidente do Revolution, único fã-clube
reconhecido pelos Beatles na Am. Latina.
Como eu disse outro dia num post, "há várias
coisas que não conseguimos dialogar; é preciso escutar.
Há mais vida por lá".
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Rod/o Cotidiano
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Gabriel P. Ruiz
é jornalista, reside em Bauru-SP, gosta de rock ´n
roll e vive usando a desculpa de entrevistar as bandas para conhecê-las.
É editor da Revista Ponto e Vírgula da web rádio
Unesp Virtual, onde também produz o programa On the Rock!.
Mais no seu blog (wwwggabrielruiz.blogspot.com).
Escreve todos os domingos.
E-mail: gabrielpruiz@yahoo.com.br
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