
29/07/07
Os neologismos
políticos e o ACM
Já havia me cansado
do mensalão, dos nomes que circulam por aí:
sanguessugas, navalha, anacondas, valério dutos
e todo o restante que já nos esquecemos. Agora me
cansei do caso Renan: “gozei, relaxei e pago com a
gorjeta da empresa amiga” – como zuou o José
Simão noutro dia. O caso perdeu espaço agora
na mídia graças ao PAN - que por sua vez promoveu
vaias ao presidente.
O fato é que tempos
atrás estragaram tudo. Comunistas, socialistas ou
uma versão (pós?) moderna destes, não
comeram as criancinhas, nem tomaram o poder. A idéia
passou. Alguém responde? E hoje então qual
é problema da vez? Um amigo comentou inteligentemente
que era por causa dos emos.
Mas, “ainda somos os
mesmos e vivemos como nossos pais”, diria Belchior.
Continuamos com aquele jeitinho
e vontade políticas arranjando favores aos companheiros.
Segundo a Veja são desviados aproximadamente 20 bilhões
todo ano em esquemas de corrupção no país.
Na mesma reportagem, datada da semana de 11 de junho, outro
dado promove reflexão: dos cerca de 24 mil cargos
de confiança na máquina pública, 21.440
estão na Presidência da República, em
ministérios e auxiliares de administração
(autarquias); os outros estariam em estatais. Será
que é por isso que há tantos nomes (das operações
da PF) para os mesmos desbravadores (ou ladrões)
das
cédulas não mais fabricadas no país
desde 95?
Já sabemos que é
fácil acusar políticos de longe, inativamente.
Porém, esses dados impressionam. Por hora acho que
o melhor a fazer é nos mantermos informados para
as eleições do ano que vem.
O maior coronel político
dos últimos tempos (ACM) foi-se e deixou seu posto
vago. Alguém se candidata? E pensar que o hoje vaiado
Lula pôde ter a cara de fazer alianças partidárias
com o ACM. Como diria algum pensador, “na política
vale tudo”, até pagar as contas pessoais com
o dinheiro dos outros.
E depois ainda ficam com aquele
blá blá blá de que ACM foi isso, foi
aquilo, foi importante e o caralho. Importante né?
Para as pessoas que se beneficiaram, pra quem estava do
lado dele e se deu bem. Pros militares da ditadura e pra
rede Globo, como constatou o
jornalista que enfrentou ACM, João Carlos
Teixeira (o Joca), em entrevista à revista Caros
Amigos (09/99): “toda a ascensão de Antônio
Carlos Magalhães foi fruto exclusivo da ditadura
militar”; “a rede Globo é um instrumento
político a seu serviço na Bahia”.
---
Só pra não nos
esquecermos, “Lula achava que oposição
era fundamental e era preciso criticar, cobrar, provocar,
pressionar enquanto os presidentes eram os outros. Agora,
acha que é preciso compor, relevar, negociar, passar
panos quentes - quando o presidente é ele próprio”
– observou brilhantemente a jornalista da Folha, Eliane
Catanhede.
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Gabriel
P. Ruiz é jornalista, reside em Bauru-SP,
gosta de rock ´n roll e vive usando a desculpa de
entrevistar as bandas para conhecê-las. É editor
da Revista Ponto e Vírgula da web rádio Unesp
Virtual, onde também produz o programa On the Rock!.
Mais no seu blog (wwwggabrielruiz.blogspot.com). Escreve
todos os domingos. E-mail: gabrielpruiz@yahoo.com.br
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