22/04/07
A vida pós-admirável mundo novo

De repente saio da frente do computador e desloco-me para uma sala cheia de adolescentes rebeldes (?) dançando desengonçados, num coro bagunçado, empunhando uma guitarra e tocando, claro, roquenroll. Pode ser “leve demais” do MopTop que acabei de baixar e achei, como diria o Casé, sen-sa-si-o-nal!. Pode ser ainda “Fake Tales of San Francisco” do Artic Monkeys – que, aliás, se o disco todo fosse vibrante como essa música, seria do caralho.

Ainda bem que inventaram os apetrechos high tech todos, porque agora quando entro na minha sala e cozinha até tropeço de tanta coisa que comprei e já não tem mais dispensa pra enfiar. Lá os ratos moram e devoram as leituras que já fiz ou esqueci de decorar. Pelo menos alguém gosta de ler.

Também agora quando ando na rua e ligo meu mp3 super mega foda não conheço mais ninguém e me fecho no meu mundinho roquenroll, porque não vejo nada, não penso nada, mas ouço tudo. Isso basta. Conhecer pessoas sempre nos traz alguma influência. Elas irão falar do que ouvem e querer que a gente ouça também; e dos terrores (e temores) que possuem em relação a Deus e à sociedade (sobretudo à moralidade) e nos colocar um monte de medos e arbitrariedades que elas mesmas não estão certas da sua existência.

E ainda bem também (essas palavras já foram aqui repetida n vezes e quando isso acontece temos que variar, escolher outra pra mostrar que temos técnicas apuradas literárias e vasto vocabulário) que o big bode acabou, mas no ano que vem tem a edição número 27 para eu me divertir. Porque o Faustão me garantiu ontem que o último foi o mais elevado em nível intelectual dos participantes. Logo, o próximo só pode ser ainda melhor.

E eu pequei por empréstimo porque me apossei dos pensamentos transcritos num texto que acabei de ler. Agora vou ter que me ajoelhar no milho também porque não podia comer carne vermelha na sexta-feira e devorei dois lanches de hambúrguer do Mc. E tornei a pecar porque (de novo essa palavra) havia me engajado politicamente e, portanto, não poderia mais freqüentar o tal restaurante. Ferrou. Agora eu to mal. Terei que fazer compras, voltar com várias sacolas da rua pra passar esse mal estar e stress momentâneo.

E nem vai dar também para fumar o cachimbo do índio porque ele foi proibido. E o índio acabou preso e morreu ao ser sorteado por causa da hiper-lotação e eu não vou querer isso pra mim, claro, afinal sou um rebelde sem causa que tem dinheiro pra sair todo fim de semana, um carro que o meu pai me deu (filho homem tem que ter um carro seu) e aulas de natação, plano de saúde e escola particular (o Word tá dizendo aqui que essa frase tem 64 palavras e ela deve ter apenas 60). E agora essa minha geração faz tudo pela internet, manja tudo de jogos on-line mas não sabe como brincar de mãe da rua. Sorte deles que não terão problemas com o sistema, porque já estarão inseridos nele. Mas essa também é uma outra estória...

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Gabriel P. Ruiz é jornalista, reside em Bauru-SP, gosta de rock ´n roll e vive usando a desculpa de entrevistar as bandas para conhecê-las. É editor da Revista Ponto e Vírgula da web rádio Unesp Virtual, onde também produz o programa On the Rock!. Mais no seu blog (wwwggabrielruiz.blogspot.com). Escreve todos os domingos. E-mail: gabrielpruiz@yahoo.com.br

 
 

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