
01/04/07
Pá
de servente de pedreiro nas mãos
Joãzinho
nasceu com uma pá de servente de pedreiro nas mãos.
Já aos 10 anos, teve as primeiras aulas com o pai
e, aos 12, já fazia bicos pra fora. Trabalhando nas
casas dos bacanas conheceu pessoas extremamente más
e que o tratavam com mera indiferença, afinal tinha
uma função social de baixo escalão.
Certa ocasião, pediu um copo de água. Ainda
tinha sede, então pediu outro. Ouviu: "tem que
trabalhar mais e descansar menos, esse serviço não
acaba nunca!”. Fingiu que não era com ele,
continuou mexendo a massa de cimento.
Outro dia, porém, envolveu-se em projetos de peças
teatrais. Levava jeito para a coisa. Disseram-no: um dia
vc será global! Dava idéias, sugeria falas
e detalhes no cenário. Mesmo assim continuava com
os serviços de pedreiro, auxiliando seu pai. Tentou
plantar o teatro em seu bairro e ouviu um não sonoro
da secretaria de cultura. Como possuía um grupo coeso
e, de certa forma grande, persistiu por um longo tempo na
tentativa frustrada de levar arte, lazer e cultura para
a sociedade.
Desencanou da segunda coisa que mais sabia fazer melhor:
servente de pedreiro. Passou a atuar e dirigir e a conhecer
grandes nomes teatrais. Não deu outra, morreu de
fome.
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Gabriel
P. Ruiz é jornalista, reside em Bauru-SP,
gosta de rock ´n roll e vive usando a desculpa de
entrevistar as bandas para conhecê-las. É editor
da Revista Ponto e Vírgula da web rádio Unesp
Virtual, onde também produz o programa On the Rock!.
Mais no seu blog (wwwggabrielruiz.blogspot.com). Escreve
todos os domingos. E-mail: gabrielpruiz@yahoo.com.br
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