
25/08/07
Biocombustível ecologicamente correto?
Os efeitos do aquecimento global
tem preocupado cientistas de todo o mundo. O clima da terra
está mudando e, com isto, tanto o meio ambiente quanto
a vida humana sofre com as conseqüências da poluição
desenfreada gerada pelos maravilhosos “progressos”
da modernidade. O uso indiscriminado de fontes de combustíveis
não renováveis como o petróleo libera
durante sua queima gases que contribuem com o efeito estufa
como o CO2. Os danos gerados a camada de ozônio afetam
diretamente as condições climáticas
de nosso planeta.
No intuito de deter as catástrofes
climáticas, várias soluções
foram propostas, mas uma em especial chama bastante atenção:
o uso dos biocombustíveis. O Brasil tem investido
pesado nesta alternativa mas, será que é realmente
viável? Os biocombustíveis são combustíveis
extraídos de plantas, como cana-de-açúcar,
milho, mamona entre outras. Possuem uma capacidade ilimitada
de produção já que não dependem
de grandes reservas fósseis como no caso dos combustíveis
não renováveis.
Sua queima não libera significativos índices
de gases poluentes e são considerados uma excelente
alternativa de investimento à demanda energética
crescente do planeta. Possuem uma capacidade expressiva
de reciclagem já que, os óleos vegetais, como
o de cozinha, podem ser reaproveitados em sua produção.
Todas estas características supostamente fariam do
biocombustíveis ser considerado ecologicamente correto.
Porém o que pouco se
fala são os contras que envolvem o mesmo. Para se
produzir os biocombustíveis numa escala capaz de
suprir a crescente demanda energética, são
necessárias extensas áreas cultiváveis.
Muitos países não dispõem destas áreas,
o que coloca em risco nossas florestas. A possibilidade
de queimas criminosas em nossas matas para se abrir novas
áreas de cultivo é uma preocupação
iminente. Ainda de acordo com especialistas por se basearem
em monoculturas o cultivo constante de plantas podem impulsionar
processos erosivos no solo.
Outro ponto a ser frisado
é que uma cultura voltada para a produção
destes combustíveis pode levar os agricultores a
dispensarem o cultivo de alimentos essenciais, consequentemente
gerando uma alta nos preços dos alimentos o que pode
culminar com a fome Mas dentre os impactos mais relevantes,
o pior é com relação aos recursos hídricos.
A produção de biocombustíveis, assim
como a de alimentos, exige uma quantidade expressiva de
água para as irrigações. Levando em
conta os recentes estudos de cientistas, que dizem que a
água doce do mundo está diminuindo a cada
ano, investir em uma cultura que gaste índices significativos
de água acabam por trazer mais danos ao meio ambiente
e à população mundial do que benefícios.
Antes de se adotar o biocombustível
como “salvador da pátria”, é necessário
se fazer uma avaliação cautelosa. Talvez o
desenvolvimento de outras tecnologias como a energia solar,
seria um investimento mais racional e saudável ao
meio ambiente. Este é um assunto inacabado e ainda
deve ser muito discutido.
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Francisco Tovo é
jornalista, assessor de imprensa e defensor incansável
das causas ambientais. Escreve quinzenalmente aos sábados
sobre Meio Ambiente para o site O Binóculo.
Fale com ele franciscotovo@yahoo.com.br
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