As moçoilas xiitas de Baku não são mais as mesmas. Nada de burca no verão. Perninhas, cotovelinhos e canelinhas já estão à mostra no Azerbaijão. Os shorts e as saias começaram, aqui, a batalha contra o radicalismo.
 

09/08/07
Direto do Azerbaijão. Conhece?

Não quero fazer disto um blog. Depois do convite para ser uma colaboradora do site O Binóculo, tive um momento de empolgação. A realidade da responsabilidade, me veio mais tarde, afinal como falar de um país que quase ninguem conhece, e de uma cultura que se diferencia em todos os aspectos dos nossos costumes brasileiros?

No Azerbaijão, a cidade de Baku tornou-se meu segundo lar. Mas como eu vim parar aqui meu Deus? Talvez alguns leitores nunca tenham ouvido falar do Azerbaijão. Eu também. Só fiquei sabendo da existência dele quando meu marido, jogador de futebol, foi enviado por seu empresário, pra atuar em um time daqui. Como uma boa internauta, pesquisei na nos sites de buscas para ver onde era. E descobri que o Azerbaijao fica na parte oriental da Transcaucásia, no limite do Irã ao sul, com a Armênia a oeste, com a Geórgia a noroeste, com o Daguestão ao norte e o mar Cáspio banha sua costa oriental. Visualizou?

E como é daqui que vou enviar informações e minhas experiências do dia-a-dia de uma brasileira na cidade onde se fala o azeri e o russo, na minha estréia nao deixaria por menos, para apresentar panorâmicas sobre a cultura local. Aliás, mudar de país nao foi tão dificil, mas me deparar com um lìngua onde os fonemas são construídos com muitos K’s e muitos R’s, tem sido um dos maiores desafios. O inglês tem me salvado. Mas descobri que tenho vocação como atriz de pantominas. E nao é que os palavrões da língua eu já tenho todos decorados?

A cultura do Azerbaijão surge como o resultado de muitas influências, desde a soviética, dos tempos em que era um das repúblicas da União, até às suas raízes turcas, persas, islâmicas e da Ásia Central. É uma mistura muito interessante, mas ainda assim o país sofreu as influências ocidentais. O povo aqui também adotou a cultura do consumismo da indústria cultural. Aspecto que me fez lembrar a pátria mater.

Baku, onde estou, é a capital do país, a maior cidade, com cerca de 1.7 milhões de habitantes, e nessa época do ano, ganhamos de qualquer praia carioca. O calor chega a 42 graus. E não adianta reclamar, como a maioria da população professa a religião muçulmana, em especial o xiismo, as moçoilas xiitas não são mais as mesmas. Nada de burca no verão. Perninhas, cotovelinhos e canelinhas já estão à mostra no Azerbaijão. Os shorts e as saias começaram, aqui, a batalha contra o radicalismo.

Olho para tudo isso e vejo Baku num período de transição, ao sair das suas raízes e entrar num universo mais globalizado e consumista. Mas esse é o meu país e aqui quero mostrar um pouco dele para os leitores.

Bem vindos ao Azerbaijão.

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Aline Orlando Ramim, é paulista, casada, brasileira, e nao desiste disto. Sonhadora, vive atualmente em Baku, logo ali no Azerbaijão, na região da antiga União Soviética onde está conhecendo e vivendo coisas que jamais imaginaria. Aline é curiosa ao extremo, mas não é egoísta, por isso compartilha suas curiosidades todas as quintas-feiras aqui.
Fale com ela: alineorlando@hotmail.com



   
 
 

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