Acolher e apoiar crianças órfãs e
desfavorecidas, em situação difícil, ou afectadas pelo
HIV/SIDA. As crianças são principalmente do sexo feminino,
com mais de seis anos de idade. Beneficiam deste lar até
atingirem um nível académico e formação suficientes para
uma carreira profissional que lhes garanta um futuro
auto-sustentável para sí mesmas e para as suas famílias.
Além das crianças internas (que residem
neste lar), este lar também tem como importante objectivo
prestar assistência a crianças externas, fornecendo-lhes
bens essenciais trimestralmente. Essas crianças externas
residem em casa de parentes.
Casamentos
permaturos A cultura e as tradições desta região
rural do Gurúè impõe que as meninas celebrem “ritos de
iniciação” logo que entram na puberdade.
Consequentemente, meninas demasiado novas, ainda com 13
anos, ficam já preparadas o orientadas para o casamanto.
Como não fazem qualquer tipo de planeamento familiar,
engravidam imediatamente, e a situação repete-se
anualmente, dando à luz mais crianças sem qualquer tipo
de controlo. As sucessivas gravidezes deterioram
dramaticamente a saúde destas meninas-mães. Verifica-se
que os partos são frequentemente realizados por
parteiras tradicionais, sem as condições adequadas de
higiéne. Além disso, os centros de saúde são poucos e
por isso distantes. Deste modo, muitas destas meninas
acabam por falecer, enquanto percorriam as longas
distâncias para chegarem às unidades sanitárias.
Regime
matrilinear tradicional Devido ao regime
matrilinear, após a morte da mãe, as crianças não ficam
com o pai, mas sim com os parentes da mãe. Sendo assim,
normalmente o pai abandona os seus filhos. Os parentes
da mãe geralmente são idosos e/ou já têm muitas pessoas
a seu cargo, ficando essas crianças com insuficiente
apoio.
HIV/SIDA
Esta situação recente veio sobrepôr-se ao problema dos
casamentos permaturos, aumentando a mortalidade das
mães. Ora isso tem como consequência o aparecimento de
crianças órfâs infectadas e afectadas pelo HIV/SIDA.
Noutros casos, as mães são abandonadas
pelos maridos devido a terem contraido o HIV/SIDA,
tornando mais difícil sustentar as suas crianças.
Meninas não
estudam Tradicionalmente há o hábito de não
mandar as meninas à escola, pois as meninas devem ficar
em casa fazendo e aprendendo as tarefas domésticas. Esta
situação começa no ensino primário e vai-se agravando ao
longo do ensino secundário.
Hábitos
alimentares Nesta região os hábitos alimentares
são nutricionalmente desequilibrados, pois preferem
consumir as farinhas de mandioca e mapira. Embora se
produza suficiente milho, arroz, batata reno, galinhas e
ovos, esses productos destinam-se a vender ou trocar.
Assim, conseguem adquirir e consumir bebidas, alcoólicas
geralmente de fabrico tradicional. Estas bebidas estão
muito generalizadas não só nos homens, e verifica-se que
atingem o estado de embriaguêz com uma frequência
semanal ou superior.
Projecto único
neste Distrito O projecto Lar Arco-Íris,
destinado à assistência a crianças órfãs e
desfavorecidas, e pessoas vivendo com HIV/SIDA,
constitui actualmente a única intervenção deste género
em todo o distrito do Gurúè.
Crianças foram
beneficiadas Através do apoio a este grupo
vulnerável, foi possivel melhorar-lhes a saúde, as
condições académicas e de habitação. Assim, dezenas de
crianças conseguiram completar o ensino secundário e
ingressar em cursos de formação profissional.
Bebés
receberam leite indispensável Desde 1999,
graças à assistência prestada por este lar, mais de
360 bebés beneficiaram da indispensável alimentação
com leite lactogen-1, até aos 6 meses de idade.
Bens
essenciais ajudaram famílias Aproximadamente
117 famílias receberam apoio em alimentos, mantas,
sabão, material e fardamento escolar, reabilitação de
instalações e abertura de pequenos negócios.
Foram construidas palhotas
melhoradas, incluindo colocação de chapas zincadas no
telhado, beneficiando três famílias (mães viuvas).