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Não houve um tempo em que crianças e grupos de pessoas se juntavam para, em momentos de alegria, assistir a uma prática esportiva, embalar a bandeira que todos ajudaram a emendar? Não houve uma época na qual os vizinhos, que gostavam de equipes diferentes, iam juntos a um estádio? O que aconteceu?.

02/07/07
Procuram-se torcedores

Onde estão os torcedores? Não, não é um apelo daqueles batidos, de falso discurso fervoroso de programas esportivos. Fora a necessária cobrança para o fim da violência no esporte, quero perguntar, de peito aberto, a você, simpatizante de alguma modalidade: o que aconteceu com os verdadeiros torcedores?

Não houve um tempo em que crianças e grupos de pessoas se juntavam para, em momentos de alegria, assistir a uma prática esportiva, embalar a bandeira que todos ajudaram a emendar? Não houve uma época na qual os vizinhos, que gostavam de equipes diferentes, iam juntos a um estádio? O que aconteceu?

Certamente, a exploração das paixonites esportivas se deu de forma não muito bem definida. Pior, deixou brechas para que os mais diferentes seres humanos interpretassem como quisessem o valor da devoção de torcedor, o impacto que, em suas vidas, teria aquele mero símbolo, representação do lúdico, terreno da diversão (hoje, de guerra).

Pergunto pelos torcedores porque, onde quer que seja, além de facções criminosas infiltradas em agremiações, vejo personagens mais preocupados com a infelicidade dos “adversários” que em vibrar com a glória de seu escolhido uniformizado. Enxergo, nas imagens de torcidas, no momento exato de um gol, a explosão de muitos (muitos mesmo) que, imediatamente, se voltam para os admiradores do outro clube para xingá-los – e não para comemorar o êxito daqueles pelos quais dizem torcer!

E é essa primeira reação que tanto me faz pensar, hoje, na necessidade de intervenção no universo esportivo. Além de acabar com a violência, seria mesmo necessário rever conceitos, reeducar olhares e pensamentos sobre o lúdico – afastar, de milhares de pessoas, o sombrio olhar de inimigos mortais, de pessoas que se matam por tão pouco, por um grito de torcida (que também já reflete, em seu texto, preocupação maior com o outro lado, diga-se de passagem).

Sabe o que eu realmente gostaria de ver? Torcedores. Torcedores de verdade. E não fantoches mal acabados, sem personalidade, que fingem uma paixão. Pessoas que enrustem nada mais que um amor exatamente por aquilo que tanto dizem odiar, que tanto tentam combater. Quer saber? No fim das contas, o que tanto incomoda as torcidas de araque é saber que, lá no fundo, não conseguem viver umas sem as outras. São violentos para se enganar. Agem assim porque ofuscam os próprios sentimentos. E onde entra a verdade se é justamente a essência do esporte o que negam, jogo a jogo?

Voltem, torcedores de verdade. Por favor!


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Guilherme Amorim é um mineiro simples, metido a organizado e que sobrevive sem estantes. Além de devoto da Mega Sena, irônico e canhoto fervoroso, é jornalista e criador/apresentador do programa Espátula, veiculado na iRadio. Escreve mensalmente na coluna Trejeitos. E-mail: guilbh@gmail.com

 
 
 

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