OPPERAA
 
Baby Boom
     
 
 
     

Improvisa algumas frases, soletra uns versinhos. Só que aí, antes de você começar a desenhar as letras, concretizar as fábulas, enumerar as sílabas, surgem muitas idéias impossíveis de serem pensadas simultaneamente e você acaba perdendo algum tempo (ou algum muito tempo) pensando em uma de cada vez.

 

25/01/08
Texto

Ao contrário de muito escritores, escultores, “cultores” (e/ou) atores, minha dificuldade não vem da tentativa de começar um texto, e, sim, de terminá-lo. Engraçado como tenho vários vícios. E inícios. Acho que o início do texto, inclusive, é o meu forte.

Hilário como jorram os lampejos, brotam os desejos. Começa assim:

Você tem uma idéia e fala:

- Depois vou começar a escrever sobre isso!

O problema é que, se você não escrever na hora (e rápido!), a idéia foge, como um jato. Um rato que corre do gato e acredita que vai escapar.

Então você resolve:

- Vou escrever! Não é sempre que a criatividade brota assim tão fácil!

Improvisa algumas frases, soletra uns versinhos. Só que aí, antes de você começar a desenhar as letras, concretizar as fábulas, enumerar as sílabas, surgem muitas idéias impossíveis de serem pensadas simultaneamente e você acaba perdendo algum tempo (ou algum muito tempo) pensando em uma de cada vez. Elas, infelizmente, não podem ser raciocinadas na mesma velocidade da escrita. Aí você pensa:

- Até eu terminar de escrever essa palavra, já vou ter pensado em várias e vou ter esquecido a próxima.

O que deixa o texto cada vez mais...é... ts...”na expectativa”, sabe?! Não era essa a palavra...É... Aí, quando você vê, gastou muito tempo tentando lembrar a palavra que encaixava perfeitamente no sentido daquela frase. Pior ainda é quando você percebe que escreveu, escreveu, escreveu (não escreveu nada com nada) e acabou se perdendo.

E seu texto? Bom, seu texto também se perdeu. Então, optando pela prática mais fácil, simbólica e atraente da construção textual, você, “pleonasticamente” acaba terminando com a mesma idéia do início...

Diz que só de inícios fez muitos textos. O difícil é achar um fim!

PS: Pensa que deu tudo certo, relê o texto. Vê que repetiu a palavra “pensar” infinitas vezes e chega à conclusão de que seu texto tem um lado “pobre”. Pensa no trabalho que deu pra escrever tudo e põe uma observação no final, justificando ao leitor, o motivo de sua incapacidade.


Leia também:

2007

 


_________________________________________________
Brisa Marques é jornalista e atriz. Participou de dois curtas-metragens e em três montagens como atriz. É co-autora dos livros "Me conte a sua história 1" e "Me conte a sua história 3", publicados pela editora Saraiva. Acredita na arte, em qualquer uma de suas formas, como a essência fundamental do ser humano. Escreve todas as sextas-feiras.
Fale com ela: brisamarques@gmail.com



   
 

O melhor álbum de 2008 já?
A Rolling Stone(USA) sugere alguns. Votaria em qual? (Clique para ouvir)

Cat Power
Vampired Weekend
Hot Chip
Snoop Dogg
Black Mountain
Nenhum destes
                                  VOTAR!
 

Expediente::: Quem Somos::: Parceiros :::: Contato:::Política de Privacidade:::Patrocine nossa idéia
Copyright © 2008 O Binóculo On Line All rights reserved