20/04/08
Saúde bucal é forte indicador
de inclusão
Fabrício Marques
Especial para O Binóculo
Em 2003, o Levantamento Nacional de Saúde Bucal (SB2003)
indicou a presença de aproximadamente 30 milhões
de desdentados, entre pessoas com idade superior a 65 anos.
De lá para cá, o que mudou? “A queda
nas extrações realizadas pelo SUS, e as mutilações
deram lugar aos procedimentos preventivos e de mais alta
complexidade, como ortodontia”, diz a dentista Márcia
Vendiciano Vasconcelos, organizadora do Congresso dos 90
Anos da Federação Odontológica Latino-Americana,
cujo tema é “Saúde Bucal: Bem Público
e Direito Cidadão”, e que aconteceu entre 13
e 16 de março.
Em BH, a saúde bucal também
recebe muita atenção no 10º Congresso
Internacional de Odontologia de Minas Gerais, realizado
entre os dias 17 a 20 de abril. Dentre os palestrantes,
o coordenador nacional de Saúde Bucal do Ministério
da Saúde, Gilberto Pucca. Em sua fala,
ele pretende reafirmar que a saúde bucal continuará
a ser uma das prioridades do governo federal. “No
ano passado deixamos de extrair mais de 2 milhões
de dentes. Isso é um excelente indicador”,
afirma.
O Brasil Sorridente é
a primeira política nacional de saúde bucal,
e foi lançada pelo governo federal em março
de 2004. “Imagine, o Brasil lançou sua política
de saúde bucal mais de 500 anos depois que chegaram
as primeiras caravelas por aqui. Só isso já
explica o descalabro que é a saúde bucal do
brasileiro. E por que aconteceu isso? Porque saúde
bucal não é problema de todos, é problema
dos pobres”, diz Pucca. Para ele, saúde bucal
é um fortíssimo indicador de inclusão
social.
Desde então, já
foram implantados, segundo o coordenador, 600 Centros de
Especialidades Odontológicas (CEOs) e mais de 200
Laboratórios Regionais de Prótese Dentária.
Os CEOs fazem cirurgias, atendem pacientes especiais, realizam
tratamentos de periodontia, de canal e o tratamento do câncer
de boca e outras lesões. “Estamos com quase
16 mil equipes de saúde bucal no Programa Saúde
da Família (PSF), isso significa cobrir quase 70
milhões de pessoas. Em 2002 não eram mais
de 20 milhões de pessoas cobertas por essas equipes”,
diz Pucca. Outra prioridade do ministério é
a fluoretação da água de abastecimento
publico. “Estamos fluoretando (ou seja, adicionado
flúor nas estações de tratamento) a
água das cidades”.
Em sua avaliação,
os principais problemas de saúde pública na
área de saúde bucal são a cárie
e o
câncer de boca: “a cárie
porque é uma doença mutiladora e o câncer
por motivos óbvios”, afirma.
Para a professora Efigênia
Ferreira e Ferreira (UFMG), que também
esteve presente no congresso em BH, as medidas de prevenção
são conhecidas, aceitas e já mostraram que
dão resultado. “Por exemplo, se você
examinar crianças de 0 a 6 anos entre aqueles com
boas condições de vida você vai observar
que a grande maioria tem ótima saúde bucal.
A mesma coisa podemos dizer de adulto (sobretudo jovens)
e até mesmo idosos”.
Na avaliação
de Efigênia, em princípio podemos dizer que
eles estão assim porque escovam os dentes, usam flúor
e não comem doces. “Mas não é
isto. Tudo isto é importante, mas, antes, temos que
pensar que eles moram bem, comem bem, tem recursos”.
A professora continua: “então,
os pacotes de prevenção funcionam bem em quem
tem infra-estrutura. Se você vê uma pessoa que
trabalha 14 ou mais horas por dia, come mal, mora mal, não
tem dinheiro, este pacote vai funcionar diferente. Então
não é simplesmente dizer ‘faça
prevenção porque é mais barato’.
Isto é o que chamamos de desigualdade em saúde”.
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