20/04/08
ENTREVISTA \ JOSÉ ALFREDO
MENDONÇA
Implantes
Os idosos que não possuem
nenhuma dentição podem reconstituí-la
facilmente?
Isto é perfeitamente possível, desde que alguns
pré-requisitos sejam satisfatórios, como:
estado geral de saúde, condição anatômica
local favorável e ausência de fatores externos
que possam contra-indicar o tratamento.
Os implantes e as próteses a serem fixadas sobre
eles é realidade no Brasil e disponíveis tanto
na tecnologia importada quanto nacional. Para os pacientes
que têm receio de procedimentos cirúrgicos,
a fixação dos implantes pode ser realizada
com o auxílio de sedação, com a presença
de anestesia no consultório. Programas de computadores
(softwares) auxiliam no planejamento prévio da cirurgia,
possibilitando inclusive a realização dela
sem abertura de retalhos ou sutura. Obviamente, cada caso
tem sua particularidade e uma consulta com o especialista
pode ajudar a esclarecer o melhor plano de tratamento.
O que significa para os idosos a possibilidade de
fazer os implantes?
Uma nova vida. É grande o impacto que este tipo de
tratamento proporciona aos pacientes, principalmente na
terceira idade. As próteses removíveis totais
e parciais (“Dentadura e Roach”) causam um desconforto
diário na comunicação e alimentação.
A baixa estima causada pela perda dos dentes altera o comportamento
dos idosos influenciando em seu relacionamento social levando
por sua vez, cada vez mais ao isolamento. Desde que a saúde
permita, não há limite de idade para a reabilitação
oral com implantes. Com o aumento da longevidade é
um erro acreditar que o indivíduo já está
muito idoso para se cuidar. A matemática é
simples: alimentamos no mínimo 3 vezes ao dia, 7
vezes por semana, 4 semanas ao mês. Ao final de um
ano, teremos utilizado nosso “aparato mastigador”
aproximadamente 1.100 vezes. O que se discute não
é a quantidade de tempo que nos resta, mas a qualidade
de vida que poderemos obter com a substituição
da má mastigação por uma oclusão
eficiente e uma estética favorável.
No curto prazo, há como diminuir os custos
e aumentar o acesso ao tratamento?
Sim. Parece que, com o surgimento das empresas nacionais
na produção de implantes e com o desenvolvimento
da tecnologia baseado nos conceitos e pesquisas realizadas
no exterior, as empresas brasileiras certamente tenderão
a abaixar os custos à medida que a tecnologia esteja
ao acesso de todos e a competitividade do mercado nacional
pressione os preços para baixo. Na outra face do
processo, a capacitação profissional do dentista
está cada vez mais ao alcance de todos, tendendo
a tornar a técnica mais popularizada. Atualmente
se observa uma elitização tecnológica
ao alcance de pequena parcela dos profissionais da área
odontológica, que tende a diminuir gradativamente
em função da difusão da especialidade
nos cursos de graduação, aperfeiçoamento,
atualização, especialização,
mestrado e doutorado. Em breve o dentista clínico-geral
irá também realizar este procedimento em seu
consultório.
Evidentemente, o custo final do trabalho está relacionado
a uma série de fatores: a qualificação
profissional, a qualidade do implante utilizado, a capacitação
do protético e laboratório e finalmente o
tipo de material e porcelana utilizados na confecção
da prótese.
Pode-se afirmar que BH é um dos maiores centros
do Brasil no setor?
Sim. Belo Horizonte possui profissionais na área
de implantodontia com o mesmo preparo técnico e tecnológico
que os profissionais do Rio de Janeiro e São Paulo.
Com a globalização as informações
chegam de maneira pareada a todos os lugares e as empresas
que atuam lá também disponibilizam tecnologia
e suporte técnico para nossa cidade.
Quais as tecnologias aplicadas nos procedimentos?
Na área odontológica não só
dispomos de motores, instrumentais cirúrgicos e implantes
com alto padrão tecnológico como também
de equipamentos utilizados na área médica
para fornecer exames complementares para a realização
dos implantes osseointegrados. A tomografia computadorizada
tri-dimensional e as radiografias de face bidimensionais
utilizadas na área médica também são
aplicadas nos planejamentos prévios aos procedimentos
de fixação de implantes garantindo precisão
milimétrica evitando assim danos aos acidentes anatômicos
próximos às áreas maxilares e mandibulares.
Por que o implante não é
apenas estético, mas também funcional?
Porque a tecnologia tem como finalidade devolver não
apenas a estética, mas a fonética e a função
mastigatória. Os implantes osseointegrados permitem
a ancoragem de próteses que podem desempenhar com
bastante competência as funções aplicadas
aos dentes. Os implantes apresentam uma confiável
durabilidade em função de que a tecnologia
apresenta estudo de 43 anos com alto índice de sucesso.
Quais são os objetivos do implante?
Realizar a ancoragem mecânica dentro do osso maxilar
e mandibular com a finalidade de fixar as próteses
na posição desejável para as funções
mastigatórias, estéticas e fonéticas
do paciente. A confiança devolvida ao paciente que
usava prótese removível proporciona um excepcional
bem estar e segurança na vida social. As próteses
removíveis sempre transmitem insegurança ao
paciente pela mobilidade que ela apresenta e os riscos da
percepção do seu círculo de amizades
de que ele usa uma prótese parcial removível
ou uma dentadura.
O senhor tem dados relativos à implantodontia,
no Brasil e em BH?
Não existem dados confiáveis para avaliação
do número de implantes fixados no Brasil ou em Belo
Horizonte. O número de profissionais e pacientes
que procuram a tecnologia cresce a cada dia, a população
está cada vez mais informada a respeito do custo-benefício
e a maioria das faculdades de odontologia no Brasil (aproximadamente
190) já inseriram em sua grade curricular esta especialidade.
Qual a durabilidade dos implantes? Depende de quê?
Após 43 anos de estudos clínicos e laboratoriais
satisfatórios, com um índice de sucesso superior
a 95%, acredita-se que os implantes podem durar por toda
a vida do paciente. Estatisticamente a falha do implante
acontece nos 2 primeiros anos em função. Após
o 3º. ano a falha é rara. Isto não impede
que ele seja novamente colocado com uma boa previsibilidade.
Eventualmente a descoloração das próteses,
fratura de dentes ou acidentes pode levar a necessidade
da troca dos elementos dentais, sem necessariamente necessitar
a troca dos implantes que estão ancorados no osso.
Em resumo podemos dizer que os implantes ficarão
por toda a vida do paciente enquanto as próteses
deveriam ser trocadas por um período médio
de 5 a 15 anos, dependendo do tipo utilizado.
A durabilidade dos implantes dependerá de um programa
de manutenção que deverá ser realizado
no consultório do dentista anualmente para a detecção
de possíveis problemas que por ventura poderiam acontecer
também nos dentes naturais. A mesma manutenção
e cuidados com higiene que devemos ter com a nossa dentição
natural deverá ser dispensada à dentição
realizada sobre os implantes. Alterações sistêmicas
que sejam relevantes para o organismo como um todo, como
diabetes mellitus não controlada, AIDS e outras podem
funcionar como um fator complicador para a longevidade dos
implantes (como também para os dentes naturais).
Outro fator local que pode interferir no sucesso do trabalho
é o cigarro. O fumo não necessariamente leva
à perda do trabalho, mas pode influenciar negativamente
no índice de sucesso.
Como surgiram os implantes?
As pesquisas com implantes surgiram por volta de 1960 através
das pesquisas do professor Per-Ingvar Branemark em Gutemburgo
na Suécia. O protocolo desenvolvido pelo pesquisador
e apresentado à comunidade científica na década
de 1970 pregava a instalação de implantes
em posição vertical nos maxilares com boa
disponibilidade óssea, para que todo o parafuso ficasse
envolto pelo osso. Após muitos anos de pesquisa e
uso clínico, o protocolo tem sido modificado. Hoje,
dependendo das condições locais, é
possível fixar implantes e colocar dentes sobre eles
imediatamente ou em poucas horas na maioria dos casos. Se
procedimentos mais complexos forem necessários, este
período pode se estender para 6 meses ou um pouco
mais.
Eles são de uso exclusivo
para idosos?
Não. Jovens que apresentem um completo crescimento
crânio-facial (maturação dos ossos da
face) podem receber implantes. Os motivos mais freqüentes
de perdas de elementos dentais em pacientes jovens se referem
ao trauma automobilístico ou aqueles oriundos da
atividade esportiva. Para esses pacientes, o exame radiográfico
prévio para análise do surto de crescimento
podem habilitá-lo a receber os implantes. Hoje torna-se
inadmissível a confecção de pontes
fixas com destruição de dentes vizinhos a
áreas desdentadas em função do desgaste
que se aplica a esses dentes. Para pacientes jovens com
perda dental, o implante é a primeira opção
de tratamento na maioria dos casos.
Qual o nível da tecnologia
brasileira na confecção dos implantes em relação
aos produtos importados?
Com a importação de tornos, instrumentais
e tecnologia de países como a Suécia, Estados
Unidos e Alemanha, os implantes nacionais atingiram uma
qualidade muito satisfatória. O mais importante em
relação a estas empresas é a necessidade
da aplicação de rígido controle de
qualidade como o que é aplicado lá fora. Muitas
empresas se instalaram no Brasil, com desenvolvimento de
componentes nacionais de alto nível que podem, a
curto e médio prazo tornar o procedimento acessível
a uma parcela cada vez maior da população.
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