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"A associação entre a doença periodontal e outras alterações sistêmicas apontam para um futuro em que a Odontologia será reconhecida como parte integrante para a saúde integral do indivíduo, além de salvar dentes e sorrisos".

 

20/04/08
ENTREVISTA \ EFIGÊNIA FERREIRA E FERREIRA
Política Pública para a saúde bucal

Como avalia a política pública de promoção de saúde bucal?

Não posso dizer que vivemos em um paraíso, que a saúde bucal está em dia, que todos os problemas foram solucionados. Mas, posso afirmar que estamos caminhando. Sendo justa, é a primeira vez que temos efetivamente no Brasil, uma política de saúde bucal.

Se você tiver que reformar uma casa que nunca foi arrumada, seria um caos. Gasta-se mais tempo, mais dinheio, mais recurso humano e tudo é mais. Como nunca havia tido programa de saúde bucal para a população em geral no Brasil (tradicionalmente desde a década de 50, os programas eram voltados exclusivamente para escolares, ou seja, 7 a 12 anos), estamos começando do zero. Os fundamentos desta atual política são cientificamente aceitos no mundo, mas da teoria à pratica, algumas vezes o caminho é árduo e longo. Estes programas são novos, datam da década de 90 e portanto, não se poderiam esperar resultados fantásticos.

Quais os principais problemas de saúde pública na área de saúde bucal?
Nem sei se posso dizer os principais porque são muitos. Como a única população beneficiada até a década de 80 foi a de 7 a 12 anos, esta está bem, de uma maneira geral. Quando trabalhei na Prefeitura de Belo Horizonte, na década de 70, na Saúde Escolar, fazia atendimentos em escolas públicas. Era comum as crianças entrarem na escola, aos sete anos, e já tinham que extrair os primeiro molares (são 4 dentes). É bom lembrar que este dentes nascem aos 6 anos. Isto é, ficavam um ano na boca e estavam destruídos. Hoje isto é raro e a população até 18-20 anos, apresenta boa saúde bucal. As crianças de 7-12 anos estão dentro das metas de saúde para todos da OMS. Mas, para crianças com menos de seis anos, adultos e idosos a situação é bem diferente. A necessidade por tratamento, alguns mais complexos é muito grande. No Brasil, o Levantamento Nacional de Saúde Bucal, conhecido como SB2003, que examinou cerca de 100 mil pessoas em todo o território, indicou a presença de aproximadamente 30 milhões de desdentados, entre pessoas com idade superior a 65 anos. Então como você vê, com estes exemplos, a solução precisa de tempo.

“O implante é caro, mas a escova de dente é barata”. De que forma a população pode se dar conta de que a prevenção é o melhor caminho?
As medidas de prevenção são conhecidas, aceitas e já mostraram que dão resultado. Por exemplo, se você examinar crianças de 0 a 6 anos enter aqueles com boas condições de vida você vai observar que a grande maioria tem ótima saúde bucal. A mesma coisa podemos dizer de adulto (sobretudo jovens) e até mesmo idosos. Em princípio você pode dizer que eles estão assim porque escovam os dentes, usam flúor e não comem doces. Mas não é isto. Tudo isto é muito importante mas antes, temos que pensar que eles moram bem, comem bem, tem laser, tem recursos e por aí vai. Então, os pacotes de prevenção funcionam bem em quem tem infra estrutura porque eles talvez não tenham outros problemas. Se você vê uma pessoa que trabalha 14 ou mais horas por dia, come mal, mora mal, não tem um descanso legal, não tem dinheiro, este pacote vai funcionar diferente. Então não é simplesmente dizer "faça prevenção porque é mais barato". Isto é o que chamamos de desigualdade em saúde.

Existe no Brasil uma comissão, criada por decreto presidencial e instalada em 15 de março de 2006, compostas por 16 personalidades dos mais diversos setores da vida social, econômica, cultural e científica do país, que tem entre seus objetivos produzir infirmações sobre as desigualdades em saúde e as relações entre condições de vida e saúde. É a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS). A criação desta comissão para fazer estes estudos confirma para nós que a doença tem determinação social e que existe, sobretudo no Brasil, grande desigualdade.

Por que a rede pública de saúde não oferece serviços de implante?

Imagine que você é o prefeito de uma cidade e tem uma esquina que tem batidas de carro todos os dias. Você pode aumentar o número de leitos do hospital ou o número de jazigos. Ou pode colocar um semáforo, fazer campanha educativa, etc... É por isto que o sistema público não pode ofertar implantes. Não é porque é caro simplesmente mas porque o dinheiro tem que ser distribuído para toda a população. Porque é preciso pensar em toda a população. Então, se formos colocar implantes, talvez o sistema possa atender um centésimo do que atende hoje. E vamos ter sempre a necessidade de mais verbas para implantes porque os não atendidos vão perder os dentes.
Além disto, a preocupação deve ser, mais saúde para a população. Nenhum implante, por melhor que seja substitui seu dente natural.

Acho que vale dar um exemplo de Belo Horizonte. Já falamos que as crianças de 7-12 anos estão dentro das metas de saúde para todos da OMS. No entanto, há cerca de 10 anos, a PBH encerrou o programa de saúde escolar como era feito, com atendimento nas escolas. Então, nem sempre o recurso tecnológico é o que vale para solucionar o problema.

A associação entre a doença periodontal e outras alterações sistêmicas apontam para um futuro em que a Odontologia será reconhecida como parte integrante para a saúde integral do indivíduo, além de salvar dentes e sorrisos.
Não é somente porque pode existir relação ente doença periodontal e problemas sistêmicos que deve haver este reconhecimento. Seria melhor que peguntássemos, quem separou a boca do corpo?Não é estranho acharmos que a boca pode ter problemas que não afetem nenhuma outra parte do corpo? Se o corpo é uma unidade, nada pode estar separado. Os problemas podem ser diferentes dependendo do órgão que está doente, mas existem. Se você tem um infecção na boca e se alimenta, o que pode acontecer no resto do organismo?

Em que medida a Saúde Bucal Coletiva pode ser considerada um movimento contra-hegemônico?
Posso ser, como sei que sou, irremediavelmente otimista mas, não penso que ainda é contra hegemônico. Varios fatores estão mudando isto: a participação da população exigindo o direito à saude e ao atendimento (ainda que incipiente), o mercado de trabalho (hoje quem emprega é o sistema público), o conhecimento científico ( na área das ciências biológicas, humanas e sociais) e o próprio movimento da saúde pública que tem colhido frutos.
A teoria da promoção de saúde, com um reforço enorme de estudos realizados pelo Governo Canadense, trouxe novos conceitos sobre o porque adoecemos ou porque podemos ser saudáveis. Todo o trabalho da saúde coletiva se fundamenta nestes conhecimentos. Este é o modelo adotado pela saúde bucal coletiva.

Vou dar um exemplo: uma amiga teve um bebê a pouco tempo e me contou que foi visitada por uma enfermeira, enviada pelo convenio ao qual ela é filiada para lhe dar as primeiras explicações sobre os cuidados com um bebê. Isto é uma estratégia prevista para ser usada pelas equipes do PSF (Estratégia de Saúde da Família). Então, ainda existe hegemonia do modelo chamado biomédico mas, em menor proproção do que há trinta anos.

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