27/12/07
Aperitivo que transforma
Kerison Lopes e Fabrício
Marques
Especial para O Binóculo
De Salinas (MG)
Num de seus poemas, escrito
há mais de cinco décadas, Carlos Drummond
de Andrade anotou: "Meu verso é minha cachaça".
Se antes o destilado brasileiro foi matéria de poesia,
hoje serve de alavanca para o desenvolvimento da região
Norte de Minas.
Através de micro e pequenas
empresas, a cachaça gera renda e mais de mil empregos
diretos só em Salinas, onde proporciona novas oportunidades
a uma cidade com população de 36.720 habitantes,
e cujo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é
de 0,699.
"A nossa região
é muito propícia para a cana. Uma grande combinação
de fatores faz da nossa cachaça a melhor do mundo:
o clima, as características do solo, a temperatura
e a luminosidade, a tradição de fazer cachaça",
diz Edésio Alves, gerente da Coopercachaça,
cooperativa micro-regional que reúne oito fábricas
em mais três municípios, além de Salinas:
Novo Horizonte, Rubelita e Itaembira, com média de
15 produtores por fábrica.
Festival
O cooperado leva a sua cana para a fábrica e todos
produzem a mesma cachaça, Terra de Ouro. Essa associação
dos produtores ajuda a fortalecer o setor. Toda a produção
tem maior visibilidade durante o Festival Mundial da Cachaça,
já na sexta edição, evento que conta
com a presença de vários compradores, estrangeiros
e de vários estados do país.
No festival acontece a exposição
não só das marcas locais, como de outras cidades.
"No evento deste ano, houve um aumento de 30% no público
participante. O Sebrae trabalhou junto com os produtores
na realização de um seminário do setor
da cachaça.
Aconteceu também um
roteiro turístico dentro do próprio festival.
Para o ano que vem a Feira já está agendada
novamente para a segunda semana de julho. Neste momento
estamos buscando mais parceiros para a realização
do evento", diz Kênia Santos, técnica
do Sebrae-MG em Salinas. O Sebrae trabalha num projeto de
desenvolvimento da Cachaça de Salinas, criando fóruns
de discussão, mobilizando parcerias e buscando soluções
para os entraves da atividade.
Terra da cachaça
Como afirma José Prates,
o prefeito de Salinas, uma dos pólos produtores da
região, a cachaça foi a "marqueteira"
de Salinas, como se ela tivesse personalidade, corpo e alma.
"Levou o nome de Salinas, que hoje é um nome
conhecido. Em qualquer produto ou lugar em que você
afixar este nome, vão falar que é da terra
da boa cachaça".
- Atualmente, a produção
de cachaça em Salinas gira em torno de cinco
milhões de litros.
- É comercializada em mais de
50 marcas, algumas com destaque tanto nacional quanto
internacional.
- Somente na micro região que
engloba os municípios de Salinas, Novorizonte,
Rubelita, Taiobeiras, Indaiabira e Rio Pardo de Minas
são produzidos, anualmente, mais de 20 milhões
de litros de cachaça artesanal.
Com a exceção
de Salinas, praticamente todos os municípios trabalham
informalmente, tendo como base a agricultura familiar, principal
fonte de renda da microrregião. "Em 2006, a
agência do BNB em Salinas aplicou nesta atividade
R$ 2,012 milhões. Deste montante, R$ 657 mil foram
destinados a mini e pequenos produtores. Já em 2007,
o BNB investiu 1,751 milhão, em que R$ 1,068 milhão
foi aplicado em mini e pequenos empreendimentos", diz
João Dias Corrêa, gerente do BNB de Salinas.
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