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Quando a humanidade vem louvar e elogiar assassinatos é porque já não dá para compreender absolutamente nada, só se recomenda diazepans em massa para suportar [...]

08/08/08
A morte anunciada da esperança
Dois assaltantes invadiram uma agência bancária em Lisboa e mantiveram reféns dois funcionários durante mais de oito horas. O desfecho se deu com a execução dos assaltantes que se preparavam para sair da agência em fuga. Os dois eram de nacionalidade brasileira.

Dois corpos, duas balas, dois reféns, dois crimes, dois criminosos, duas esperanças mortas em dobro! No fatalismo da vida os acontecimentos se ordenam assim, de modo cabalístico, matemático, racional e teoricamente correto. A vida é sempre precisa, pontual e cefálica nas definições. Já nas possibilidades é uma garrucha velha nas mão de um cego num quarto escuro.
Quando as balas estouraram dignamente as cabeças do criminosos, espirrando sangue em explosão, cada gota era um sonho frustrado, cada pingadela era um desejo contido e untado pela pressa de não precisar mais correr. Pobre brasileiro que não aprendeu que ninguém tem nada de bom sem sofrer, pobre povo que é refém de sua imagem e profeta de uma crônica de morte anunciada pelo seu sorriso de malandro esperto, pobre Brasil! Imigrar é um desespero, entrar para o crime é outro, e a vida, para isso se soma em harmonia, quando a esperança na terra tupiniquim esmoreceu o primeiro desespero tomou conta, quando o primeiro desespero se mostrou uma piada, o segundo os dominou! Senhores, é a morte da esperança em progressão geométrica.

Sofre o ego brasileiro, não foi um assalto ao trem pagador, não foi um grande roubo ao cofre Francês em Cannes, não! Foi uma invasão primária, numa jogada infantil e inconsequente de dois bandidos burros, morreram, ou se mataram como queiram encarar, mas não sabiam que hoje todo brasileiro que vive fora de seu país os compreendeu e os amaldiçoou.

A vontade que dói, o corpo que cala, o sorriso que suporta, os ouvidos de não ouvir, a certeza de ser-se sempre o quinto plano, ter-se valor e comê-lo com apetite de agradar aos outros, poder voar e amarrar as asas para não ser diferente, perder o sotaque genuíno, e única riqueza real, para falar de modo enjoativo só para tentar ser aceite no ninho, o patinho feio por excelência e sem redenção, e poderia derramar uma hemorragia de expressões sobre atitudes que todos os brasileiros, que são condenados a comer o pão com o suor do seu rosto fora do Brasil, conhecem de cor e salteado, e mesmo assim o Brasil não os convida! Ai de ti Brasil, ai de ti! Morrem com eles, que só levaram dessa aventura de viver a dureza, consistência, solidez e densidade do chumbo que lhos invadiu as cabeças, a esperança no mundo melhor, a esperança no ser humano.

Neste labirinto esquizofrênico de razões, onde o ser parece um dopado de verdades absolutas é preciso amanhecer e bater palmas para a ação exemplar da polícia! Quando a humanidade vem louvar e elogiar assassinatos é porque já não dá para compreender absolutamente nada, só se recomenda diazepans em massa para suportar e incutir o verso de Álvaro de Campos “... e tu Brasil, blague de Pedro Álvares que nem te queria descobrir...”

Edu França é professor de História, tem um blog (http://baiaodetudo.blogspot.com) viveu em Lisboa e hoje mora em Paris onde tem um Café, o Truffaut, na Rue Saint Dinis, em Chatelet.

 
   
 

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