26/10//07
O não-trânsito
daqui
Outro dia sugeriram que eu
falasse do trânsito de São Paulo. Trânsito?
Que trânsito? Não existe trânsito na
terra da garoa, que, aliás, tem garoado bastante
nos últimos dias. Chuvinha chata e insistente que
deixa ainda mais vivo o cinza daqui. Voltando ao assunto...
Não existe trânsito em São Paulo, definitivamente!
Segundo o Aurélio, entende-se
por trânsito o ato ou efeito de transitar; passagem;
trajeto; movimento de transeuntes ou veículos numa
via de comunicação; afluência de pessoas
ou veículos. Agora me diga, é possível
falar-se em trânsito numa cidade que na manhã
da última quarta-feira registrou um engarrafamento
de cerca de 110 km? Não, não é possível.
Não é possível
transitar por São Paulo, porque aqui, por aqui não
existe trânsito. Estamos todos parados, no meio das
ruas, dentro de ônibus, carros e motos. Paradoxalmente,
a cidade que não para tem um trânsito que não
flui. Ô loco meu!!!
O não-trânsito
paulistano já virou oportunidade para o comércio
informal. Entre os veículos parados, queimando combustível
e detonando a camada de ozônio, você encontra
de tudo. Chocolate, rosas para a namorada que está
te espera do há horas, salgadinho, castanha-do-pará,
amendoim, água, refrigerante e a refrescante cervejinha!
Hã? Mas quem disse que não pode beber dirigindo?
Tem alguém dirigindo aqui? Ta todo mundo parado,
seu guarda!
Outro dia, estava no elevador
e uma moça comemorava que só gastou 20 minutos
para percorrer os 3 km que a separam do seu trabalho. Loucura,
loucura, loucura! Agora calcule você... 3 km por minuto!!!
Uau!!! Melhor que isso, só o Barichello! Aliás,
por falar em Barichello... Só mesmo em Interlagos
o trânsito flui, porque, no geral, ta todo mundo parado.
Enquanto isso, o meu time perdeu
de novo. A novela começou. Aquele filme que eu queria
ver estreou. A loja que eu gosto está em liquidação.
O sol raiou e a noite caiu. Uma vida passou por mim e eu
estava parada, no não-trânsito da capital paulista.
Para Pierre, que deve
estar parado em algum lugar daqui me comprando rosas, enquanto
eu o espero aqui.
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Thaís
Palhares é
belorizontina de nascença. Palhares de pai. Fernandes
de mãe. Thaís de comum acordo. Jornalista
por opção e por convicção. Escritora
por paixão. Viva, por isso, incansável. Escreve
aqui todas as sextas-feiras. Fale com ela: thaisgalak@gmail.com
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