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Sexta-feira - 23/03/07

Hã-ham pra não render

Desde pequenininha sempre achei de avião era coisa de gente chique. Eu mesma, só fui andar de avião quando fiz 15 anos. Um luxo! Cheguei ao aeroporto uma hora mais cedo, fiz o check-in, que checou sei lá o que em menos de 5 minutos e depois fiquei numa salinha de espera, v.i.p, os outros 55 minutos que antecederam ao vôo. (Notem: very important person, mas poderia ser people, no plural, já que o que mais tinha na salinha eram pessoas se sentindo importantes).

Corridos os intermináveis 55 minutos, lá estava eu, sentada, cintos apertados olhando pela janelinha. A aeromoça apontava as possíveis saídas de emergência e coisas do tipo. E eu ali, sempre muito curiosa, mexendo em tudo, numa alegria sem tamanho!

Acho que não vou cair na mesmice se falar que senti um friozinho na barriga quando o avião foi saindo do chão, ganhando o ar... Enfim conseguia ver as formiguinhas lá embaixo, tais quais as pessoas descreviam. Sensação maravilhosa, de grandeza! Dali de cima nada, nem ninguém, poderia me atingir...

Sete anos depois, um pouco mais ranzinza e desacreditada das coisas, fico pensando que essa deve ser a mesma sensação que os “comandantes” do país têm. Eles estão tão lá no alto, que só enxergam formiguinhas. Apreciam o vôo enquanto a turbulência começa nos aeroportos. Parecia que era uma coisinha boba, um atrasinho de nada que, logo, logo seria resolvido. Mas a situação foi se estendendo que nem minissérie da Globo, virou um novelão!

Há rumores de que a permanência do presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, está com os dias contados. Sugeriram troca de ministro da defesa, mas nessa hora todos se esconderam. Deus me livre de pegar uma pasta cheia de complicações, com potencial de atrito com os comandantes militares e na mira de uma eventual CPI para investigar esse apagão! Não há um político sequer que se sujeite a sair da classe A pra ir de executiva... Vamos, pois, continuar apreciando as formiguinhas lá embaixo e que tal pedir a aeromoça uma pizza?

Enquanto isso, nos aeroportos, as salinhas v.i.p’s estão abarrotadas de pessoas de todo tipo. Gente que pensou no avião como uma forma de transporte rápida, agora amarga loooooooongas horas de atraso. Então me remeto ao meu primeiro vôo... Onde era mesmo a saída de emergência que a aeromoça apontou?! Nesse momento surge o Mares Guia, aquele que se despede da pasta de Turismo para assumir a de Relações Institucionais, com uma justificativa na ponta da língua “a lei de Murphy explica”. Vai ver a lei de Murphy também explica porque o país não decola...

Se me permitem, termino esse texto com um lugar comum que cai muito bem nessa essa situação... Seria cômico, se não fosse trágico.

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Thaís Palhares é belorizontina de nascença. Palhares de pai. Fernandes de mãe. Thaís de comum acordo. Jornalista por opção e por convicção. Escritora por paixão. Viva, por isso, incansável. Escreve aqui todas as sextas-feiras. Fale com ela: thaisgalak@gmail.com

 

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