
31/03/08
O
jogo da música
Eles já têm 17 anos de carreira, cantaram
ao lado de nomes como Ivan Lins e Vanderlee, são
um dos grupos musicais mineiros mais respeitados e fazem
shows apresentando músicas próprias e canções
da MPB, Música Popular Boa, como definem, que passam
pelo seu ”ludificador” e ganham novos arranjos,
interpretações inéditas e ludismo musical
próprio. Denominam-se Lúdica
Música e preparam o lançamento
do novo álbum e DVD ao vivo, “(Di) Versões
Lúdicas ao vivo…e a cores!” , que traz
no repertório canções autorais do grupo
(“Fogaréu”, “Narciso”, “Cedo
e tarde”, “Toda cor, toda luz”, etc) e
uma antologia dos “clássicos de todos os tempos”
do Lúdica: “Juvenar” (André Abujamra
\ Carneiro Sândalo), “Procotolo” (Carlinhos
Vergueiro), “Telegrama” (Zeca Baleiro), “Carnavália”
(Marisa Monte \ Arnaldo Antunes \ Carlinhos Brown), “Cotidiano”
(Chico Buarque), “Pra acabar” (Luiz Tatit) entre
outras, previsto para Maio de 2008.
Em entrevista ao O Binóculo, o grupo, formado por
Rosana Brito, Isabela Ladeira, Gutti Mendes, conta como
é o processo de reinterpretação do
Lúdica, destaca o cenário da MPB contemporânea
e explica sobre o tipo de música que atrai a banda.
O Lúdica apresenta
uma característica interessante na execução
da música popular “boa”, como vocês
caracterizam, pelo fato de criar ambientes lúdicos
para reinterpretações da produção
de artistas como Ivan Lins, Chico Buarque, Zeca Baleiro,
entre outros. Como o Lúdica surgiu?
Isabella Ladeira: Tudo começou em
Juiz de Fora (MG) em 1991. A primeira formação
tinha eu, Rosana e Joãozinho da Percussão,
músico de lá que foi das bandas do Jorge Benjor,
Chico Buarque, Joyce, etc. Ficamos nessa 4 anos, gravamos
o primeiro trabalho, o LP "Lúdica Música"
e depois fomos pra Itália, nessa época entrou
um outro percussionista, o Vicente Martins. Depois disso
passamos uma fase aqui em BH trabalhando em formação
de dupla e convidando eventualmente músicos daqui.
Fomos pra Europa mais duas vezes em dupla e depois assumimos
um formato banda, com a entrada do Gutti Mendes na guitarra,
Gustavo Lira (bateria e percussão) e a volta do Vicente
Martins (percussão). Com essa formação
fomos mais duas vezes a Portugal (2004 e 2005) e fizemos
o disco "Então eu canto...", depois disso
o Vicente saiu e o Messias Lott entrou pra assumir o baixo.
A formação atual parte do trio Lúdica
"Acústica" Música! (eu, Rosana e
Gutti), e chega às vezes ao sexteto (com GladstonVieira
na bateria, Messias no baixo e Gustavo na percussão),
que foi como gravamos o DVD em Novembro.
Ao ouvir as interpretações do Lúdico,
o espectador percebe a postura do grupo em relação
à música. Mistura-se brincadeiras, jogos,
improviso e a interação com a platéia
causando um ambiente intimista de relacionamento com as
pessoas que assistem o espetáculo. Esse tipo de arranjo
musical pode ser feito em qualquer tipo de canção?
Ou teria algum tipo que não passaria pelo “ludificador”?
Acho que a música de mentira é mais
difícil de ser reinterpretada a partir do nosso objetivo.
Refiro-me àquela feita só com fins explicitamente
comerciais ou para gerar algum tipo de visibildade para
o artista, reforçando um ambiente de modismo. A música
que entra no nosso “ludificador” é a
que consideramos substancial, com conteúdos, cadências
e ritmos que possam ser explorados a fim de repercutir emoções
nos músicos e na platéia, isso independe da
época ou estilo da canção que reinterpretamos.
Minas Gerais é conhecido pela produção
de boas músicas, vê-se sempre bandas e grupos
com carreiras promissoras e com conteúdo bem posicionado
pela crítica musical. Como o Lúdica avalia
a música mineira e a MPB contemporânea?
A música mineira cresceu muito nos últimos
anos, tem muita gente boa produzindo e bons projetos se
firmando na cena musical, as leis de incentivo têm
contemplado muitos trabalhos de qualidade, seguimos "comendo
pelas beiradas". Ainda assim, entendemos que é
preciso sair do Estado sempre para trocar experiências
musicais e culturais com outros artistas por esse Brasil
afora, afinal já há 17 anos na estrada em
busca da criatividade brasileira e das novidades originadas
por tantos talentos espalhados.
E nesse percurso itinerante do Lúdica é que
se entende a MPB atual, como um grande caldeirão
onde cabe quase tudo. Há muitos compositores, grupos
e intérpretes de diversos estilos (muita gente boa
ainda não "revelada"), novos ritmos brasileiros
em evidência que fazem parte dessa composição
da MPB contemporânea. O cenário parece que
fortaleceu a música independente com a abertura e
adaptação do mercado a esta nova fase, mas
mesmo assim o "funil" e a "peneira"
da mídia ainda são difíceis de ultrapassar.
Muitos "Ronaldinhos" pra poucos "Barcelonas"(risos).
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Ruleandson
do Carmo, belo-horizontino e jornalista, acredita
que as amizades e as dúvidas são o de mais
valioso na vida. Pós-graduando em Criação
e produção em TV no Uni-BH, é apaixonado
por filmes românticos, frases tocantes, olhares sinceros
e o que mais trouxer esperança. Fale com ele: ruleandson@gmail.com
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