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Há sites de comunidades de pessoas que hospedam viajantes gratuitamente mediante referências e contatos (o melhor é conhecer e participar dos encontros do grupo da sua cidade). Em troca, quando voltar para casa, o visitante pode oferecer-se para mostrar sua cidade ou até dar pouso para viajantes que precisem de pernoite.

Visite: www.couchsurfing.com

 

31/03/08
Aqui se faz, assim se paga

Ao falar em reciprocidade pensamos logo em “olho por olho, dente por dente”, como no caso dos turistas brasileiros impedidos de entrar na Espanha – fato que resultou em turistas, não só espanhóis como também alemães, italianos etc., barrados nos aeroportos brasileiros. Minha opinião também é que devemos controlar sua entrada, mas deveríamos já há muito mais tempo tê-lo feito com o atual rigor, não por influência do tratamento internacional que recebemos, mas por diligência e responsabilidade para com o bem-estar nacional. A melhor resposta a uma ação injusta é o seu contrário e sua divulgação como mau exemplo. O que nos fere é que somos tão “hospitaleiros” que vira notícia de jornal barrar um turista sem reserva em hotel. Mas este foi um exemplo interessante de como a reciprocidade pode atuar de forma negativa. Proponho nas linhas seguintes que os santos de casa (e também do vizinho) comecem a operar alguns pequenos, porém eficientes milagres de reciprocidade.

Ativismo social, se não for a chave para alguns dos nossos problemas, é pelo menos uma idéia auxiliar, que pode render e agradar. O termo representa envolvimento político de forma alternativa e direta, como atitude de bom-senso e mobilização para com causas e pessoas. Mobilizar-se lembra mover-se, e a idéia é essa mesmo – descruzar os braços e agir. Dentre as inúmeras possibilidades, citarei algumas cujo fator de ação é alto e que poderiam se adequar ao contexto brasileiro.

A comunicação faz a força, não só a união. São poucos os que atualmente conhecem seus vizinhos e menos ainda aqueles que convivem com eles. A base para uma maior qualidade de vida passa por envolver-se com seu ambiente de forma ativa. Há comunidades em que moradores criaram círculos de ajuda recíproca. Exemplo: Se você precisar de alguém para consertar sua torneira alguém do grupo poderia fazê-los e você poderia pagar esse serviço tomando conta do filho de uma pessoa qualquer também do grupo, que poderia cuidar das plantas de outra pessoa do grupo. Todos se conhecem pessoalmente e sabem o que conseguir e com quem através de uma lista. Experiências mostram que funciona melhor com grupos com mais ou menos 30 pessoas. No mesmo esquema há comunidades de troca de caronas em que pais vizinhos se revezam para levar ou buscar os filhos na escola ou pessoas que viajam periodicamente para um mesmo lugar e oferecem o lugar vago no veículo. Há ainda as comunidades de empréstimo de ferramentas pesadas (furadeira, compressor, etc.), que organizam e disponibilizam o que há disponível evitando que muitos comprem ferramentas iguais que, além de caras, causam impacto ambiental.

Há sites de comunidades de pessoas que hospedam viajantes gratuitamente mediante referências e contatos (o melhor é conhecer e participar dos encontros do grupo da sua cidade). Em troca, quando voltar para casa, o visitante pode oferecer-se para mostrar sua cidade ou até dar pouso para viajantes que precisem de pernoite. É possível fazer o mesmo com os amigos e os amigos dos amigos. Grupos nada virtuais de ciclismo, de caminhada, de leitura e troca de livros, de aulas, de música, de cinema, de ex-fumantes, ex-obesos... A idéia é que existe sempre alguém que pode te ajudar, mas que talvez não saiba quem você é, onde está e o que precisa. Algumas pessoas vivem disso – da informação e de capital humano. É imprescindível divulgá-los e viabilizar seu acesso a quem precisa. Voluntariado é uma das mais bonitas e altruísticas formas de doação que se pode oferecer a todos. Pela individualidade sem individualismo. Por privacidade sem isolamento.

Reconheço que o que eu mesmo tenho feito é pouco, e talvez também por isso tenha escrito sobre a lei da reciprocidade. Ficaria feliz em saber que com esse gesto outros surgiram para compensar seu caráter platônico e justificar sua intenção fraternal.

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2007


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Rafael Silveira nasceu em Belo Horizonte em 1984 e vem vivenciando apaixonadamente o processo infinito de aprender a escrever desde os seis anos de idade. Não tem tempo para nada do que gosta, só para o que ama. Aí estão incluídos, além da literatura, música, pintura e cinema (como espectador). Cursa Letras na UFMG desde 2004. Editou seu "Pretérito Imperfeito", reunião de poemas, em 2005. Fale com ele: rafael1silver@gmail.com

   
 

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