
22/11/07
Na balada da night
Quando se é jovem curtir
é a palavra da vez. Não importa aonde nem
com quem, o lema é virar a noite e de preferência,
bebendo até cair. Para elas o visual é o mais
importante. Modelos ousados, muito gloss nos lábios,
cabelos lisos e um salto bem alto é o que a mulher
precisa para se sentir bem consigo mesma, com as mulheres
ao redor afinal mulher observa mais o que outra mulher
está vestindo que qualquer homem neste planeta
e claro, com o sexo oposto. Para eles qualquer coisa está
valendo. Não é necessário ser um antropólogo
nem uma expertise no assunto para perceber que a noite é
o momento mais oportuno para a caçada
e o que mais tem é gente praticando este esporte.
Fazia tempo eu não me
aventurava pela night, afinal, depois de uma
certa idade, e olha que não me julgo velha, esses
programas vão sendo substituídos por cinemas
e barzinhos. Dispus-me então, por pura curiosidade,
a encarar uma boate e observar o comportamento dos freqüentadores.
De cara, já na porta do recinto, confesso, fiquei
chocada! Bebida liberada até às 3 da manhã,
não demorou muito tempo para as pessoas deixarem
de andar em linha reta. Impressionante como a bebida é
o elemento primordial. Sem ela a coragem passa longe. E
depois de beberem feito loucos o óbvio: muito vômito.
E não foram poucos os que externaram os bofes. O
pior é que era perto da gente. Abriam a boca e esguichavam
aquele líquido fétido e nojento. Pior que
isso só os que estavam mais bêbados ainda e
sentavam em cima do vômito alheio. Putz! Constatei
que o ser humano é nojento. E me senti num chiqueiro.
Mas a night não é
só feita de bebida e música - que por sinal
chega um momento torna-se irritante por permanecer sempre
na mesma batida a pegação é
o que a faz ser boa ou não. Digamos que ficar
seja o termômetro da noite: quanto mais gente você
beija mais legal foi sua noite e vice-versa. E o normal
é sair beijando. Ninguém pergunta mais o nome,
nem há aquelas conversas infindáveis... O
negócio é chegar, gostar e pegar. Nomes e
etc são dados relativos, que talvez você pegue
depois. Frizo, talvez. E o que eu mais vi foi gente se atracando.
E era uma troca danada. Você via um carinha aqui com
uma e lá na frente com outra e a primeira que ele
beijou já tava lá na frente se agarrando com
outro, que com certeza pegaria outros. Em suma, uma bagunça
só. Claro que em doenças ninguém pensa
nessas horas, só depois, quando elas aparecem.
E assim foi. Fiquei ali naquele
recinto infernal até altas horas. Dancei muito pouco,
porque de cara limpa e com aquela música irritante,
não era possível. Sem contar que era tanta
gente que quase fiquei com falta de ar, não dava.
E também com aquele aroma de cigarro impregnando
minha roupa, cabelo e cérebro, o máximo que
pude fazer foi mesmo só observar e concluir que,
para mim, esse negócio de night não rola mais.
Nada contra quem gosta mas, nessa aventura dark, concluo
que tô velha mesmo.
Leia também
14/11/07
- Generalizações
31/10/07
- Sem papas na língua
24/10/07
- Futebolisticamente
falando
17/10/07
- E o circo vai começar
10/10/07
- Desculpe, mas não tenho tempo
26/09/07
- Com que corpo eu vou?
19/09/07
- Inutilidades de quem pensa
12/09/07
- Violência e derivados
05/09/07
- Tropa de Elite, o filme do ano
29/08/07
- Descobertas
22/08/07
-Viva a vaia!
15/08/07
- Direitos do consumidor?
08/08/07
- Armagedon
______________________________________________
Patrícia Caldas
é uma carioca que ama Belo Horizonte, mas não
abre mão das lindas praias da cidade maravilhosa.
Sua alegria está em escrever e gritar para os quatro
cantos do mundo suas verdades. Além de ter esperanças
de um mundo melhor, ser irônica e perspicaz, é
jornalista. Escreve todas as quartas-feiras na coluna Diz
Tudo. E-mail: p.jornalista@gmail.com
|